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DO REAL PARA O DIGITAL A PANDEMIA QUEBROU A NOSSA CARA

E isso não ocorreu só na medicina, mas em todas atividades humanas

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Em tempos de informática avançada, ouvia gente reclamando que seu médico não atendia pelo Whatsapp. Não estou falando do SUS (Sistema Único de Saúde), mas de planos de saúde, atendimento particular.

 

Conversando com um médico, ele me disse na época que era para preservar a privacidade. De fato, numa roda de amigos, tomando uísque, é chato receber mensagens de clientes. 

 

- E se for urgência? - Perguntei.

 

- Há hospitais com pronto atendimento por 24 horas, cobrindo esses casos.  

 

Bastou o advento da pandemia de covid-19 para esse relacionamento ganhar contornos diferentes. Enquanto estive no isolamento, em casa, só saí para fazer tomografia. Nem tive contato direto com o médico, o laboratório vinha fazer a coleta de material para exame na minha casa. A autorização pelo plano de saúde para tudo isso foi feita on-line. A telemedicina.

 

Uma companheira do Rotary esteve internada no hospital da Unimed por covid-19, intubada, e a família e o clube recebiam boletins informativos de áudio (o médico falando) quase diariamente. A pandemia ensinou a nos virar. 

 

Temos Whatsapp com imagem para reunir até oito pessoas e as videoconferências: Zoom, Google Meet. Muitas coisas que deixávamos de fazer por ignorância ou orgulho, passaram a ser possíveis. E isso não ocorreu só na medicina, mas em todas atividades humanas. A pandemia quebrou a nossa cara.

 

Durante o isolamento, comecei a comprar livros digitais. Li "Medicina do amanhã", de Pedro Schestatsky, editora Gente. 

 

Dentre vários assuntos, ele abordou a medicina sendo exercida por aplicativos, no celular. Medir pressão, nível da diabetes e muito mais já são uma realidade atual. Há capítulos com abordagens mais profundas.

 

Dentre os assuntos abordados pelo livro, que este cronista intuía, suspeitava, é que a pessoa não pode terceirizar a sua saúde para o médico. Quem deve conhecer bem o seu corpo é o paciente, auxiliando o médico. Nem todos os profissionais aceitam isso. O diálogo entre paciente e médico precisa ser franco.

 

O Consa quando escreve voa, viaja, mas a realidade ainda continua conservadora, pois há pessoas que saem xingando do consultório médico se não tiver uma receita em mãos de algum remédio, qualquer besteirinha: 

 

- Esse médico não presta, nem deu remédio para eu tomar! 

 

Evoluímos, e muito! Já houve época em que as mulheres que tentavam diminuir as dores das pessoas eram chamadas de bruxas, pois doente era um sujeito possuído pelo diabo. Daí surgir o exorcismo, como ainda fazem alguns pastores. 
 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
 


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