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BOLSONARO SE ISOLA COM SEUS RADICAIS

Uma leitura bastante realista sobre o movento vivido no Brasil e os caminhos do presidente

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Sem os exaltados não se ganham as revoluções [ou eleições], mas com eles é impossível governar. (Joaquim Nabuco, pensador brasileiro)

 

O presidente Bolsonaro não leu Joaquim Nabuco, aliás, acho que não lê nem os livros do seu guru Olavo de Carvalho, porque neste ano e meio de governo foi se desfazendo dos moderados e está meio sozinho, tendo como companhia forte os radicais, chamado pela imprensa de "gabinete do ódio".

Radical é usado aqui no sentido dado por Nilton Bonder, em seu livro "Alma Política", "de ser totalmente faccioso e incapaz de ponderar suas inclinações. Sua conduta é percebida como uma forma de bullying, já que o fato de estar influenciado por uma inclinação implica recorrentes atos de violência física e psicológica". Como é um tipo de personalidade, há radicais de direita e de esquerda. Com Bolsonaro, estão os primeiros.

No primeiro ano de um governo que foi eleito com a participação de radicais, sua cúpula tenta se livrar deles. Lula fez isso no seu primeiro mandato, tratou de pô-los para andar, assim formaram o PSTU e o PSOL e outras siglas. Entenderam o recado e se tornaram aliados circunstanciais.

Bolsonaro, não, colocou os radicais ao seu redor, aninhou-os no Palácio do Planalto. Além disso, tais radicais fazem parte da própria família.

Exagerando, talvez o próprio presidente da República seja um deles. Não se trata de uma conclusão precipitada, porque quem foi o deputado Jair Bolsonaro nos 20 anos de deputado na Câmara Federal? Só arrumou confusões no legislativo?

O jurista Miguel Reale Jr. defende a tese da interdição do presidente Bolsonaro por insanidade mental. A interdição judicial se dá quando a pessoa não tem condições de responder por seus atos. Os vampiros governam.

Tenho a mania de dizer que se PSTU (radical de esquerda) tivesse ganho as eleições presidenciais, não teria feito tanta lambança, seria mais ponderado.

Não se assuste, caro leitor. Pense no imperador romano Nero, mas há outros, inclusive governando o mundo atualmente. As pessoas normais nem sempre ganham eleição. O povo (esse coletivo) parece gostar dos loucos na hora do voto, com olhos esbugalhados, falando palavrões. Nos podres poderes, não há lugar para gente séria.

*Hélio Consolaro, professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP.


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