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PROFISSÃO DIA DA PROFESSORA, NO FEMININO

Parabéns, colegas, por nossa profissão em 15 de outubro, Dia da Professora, no feminino, pois as mulheres são maioria, escreve Hélio Consolaro na crônica em que relembra seu trabalho no magistério

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Não vou aqui chorar o leite derramado. Tenho que olhar para frente e procurar não cometer o mesmo erro. Assim encaro a vida. Sempre quis ser professor, mas de História, por falta de oportunidade, fiz Letras em Penápolis (SP). Até que fiz grandes coisas, não posso reclamar. Deus esteve no controle remoto, eu sempre me levantei para ligar e desligar.

 

Fui professor por 35 anos, escola pública e privada. Numa sala de aula, a professora (ou professor) aprende a conhecer a humanidade. Os tipos de pessoas são os mesmos, independente da classe social. Nunca falei mal do magistério, se o salário não estava bem, participava de movimentos reivindicativos. Tanto foi assim que meus dois filhos são professores.

 

A professora (ou professor) de escola pública sonha lecionar na escola privada, achando que lá há melhores condições de ensinar. Engana-se. Só tive uma classe ideal no meu longo magistério, na Cooperativa de Ensino de Birigui: terceiro colegial, 18 alunos, que exigiam dos professores e da escola. Alunos nota 10.

 

A lousa pode ser até digital, mas o ser humano a ser trabalhado é o mesmo que vem lá das cavernas, portanto semelhantes sentimentos. Há certas escolas particulares, em que a professora (ou professor) é tratada como pajem pelos pais e como empregada doméstica pelos alunos.

 

A única vantagem encontrada pelos pais de escola particular é que seus filhos têm como coleguinhas gente pertencente à mesma classe social.  Mauricinhos e patricinhas. Aí o filho vai pensar que o mundo é todo assim, pois foi criado no gueto: condomínio e escola particular, não aprende a interagir com outras classes sociais.

 

Entrei no magistério no comecinho da década 70, quando a professora (ou professor) de escola pública estava deixando de ganhar como juiz de direito, passando a receber o mesmo salário do administrador da fazenda. A categoria cresceu em número, faculdades por todos os lados, a gente ia ser professora (ou professor) porque o emprego era garantido. Magistério era a porta aberta para filhas (ou filhos) dos trabalhadores. Governo militar implantou a chamada democratização do ensino: uma necessidade. Categoria numerosa, salário baixo. Iniciaram as greves no governo Maluf.

 

E assim foi. Hoje, a professora (ou professor) do fundamental é o que menos ganha, embora tenha uma responsabilidade medonha porque é a encarregada do letramento da criança e do jovem, enquanto a professora (ou professora) de nível universitário ganha mais.

 

Atualmente, nem sei como anda a formação do professor, estou fora do magistério há 14 anos. Quase todos fazem cursos por EAD, acabaram-se as faculdades de filosofia particulares presenciais. Não sei se o ensino a distância é pior ou melhor, há muito preconceito. Tudo que é feito com dedicação produz bons resultados.

 

Por trabalhar com muita gente, a professora (ou o professor) se torna um líder, por isso o magistério está mais facilmente na militância política, seja de esquerda como de direita. E vai bem na gestão pública. Em Araçatuba, tivemos o professor Sylvio José Venturolli, prefeito e deputado, e outros (ou outras) de igual importância.

 

Parabéns, colegas, por nossa profissão em 15 de outubro, Dia da Professora, no feminino, pois as mulheres são maioria. Nesta eleição, 2022, terei novamente a oportunidade de votar num professor para governador de São Paulo. Um cara que pensa no social.

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação).


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