Quem quer sorrir? Até o mais sisudo tem esse desejo. Há filtro nas redes sociais para fazer a sua foto sorrir. Mas ninguém é tão rico para ficar rindo à toa. Usei os verbos "sorrir" e "rir". Há diferenças?
Segundo o "Dicionário Eletrônico Houaiss", sorrir quer dizer "dar sorriso, rir sem fazer ruído e executando somente ligeira contração muscular da boca e dos olhos". Rir já se faz com o corpo inteiro, há gente que até sacode a pança. Rir faz barulho, sorrir é silencioso.
Estamos precisando mais de dentes expostos por amor do que por ódio (arreganhados), mas dispensamos o sorriso falso do marqueteiro.
Imagino quanto Hilson Barbosa da Silva, de Turiúba-SP, sofreu com seu sorriso automático. Não havia jeito de guardar aquele sorriso especial para sua amada. Ria em qualquer hora e em lugares mais impróprios.
Ele correu para todos os lados por quase uma década, foi encontrar a solução para seu problema na saúde pública, com um médico que consulta no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Araçatuba, que encaminhou Hilson Barbosa da Silva para o Hospital Neurológico Ritinha Prates que se tornou um hospital do SUS (Sistema Único de Saúde), também para o tratamento com toxina botulínica.
Permita-me caro leitor, falar desse hospital, pois as boas iniciativas precisam ser elogiadas. Ele era uma simples associação, se tornando num hospital, mas continua a atender a seus excepcionais internados, que exigem cuidados de longa permanência.
Em 1977, quando foi fundada a Associação de Amparo do Excepcional Ritinha Prates, poucas pessoas imaginavam que a entidade ganharia tal importância. Com a implantação do SUS, foi se inserindo no sistema. Seus dirigentes tiveram coragem de encarar as novas tarefas e modernizar a sua administração.
O hospital retirou o sorriso permanente de Hilson Barbosa da Silva, porém muitas pessoas sorriem ao entregar ao mensageiro da Ritinha Prates a sua contribuição mensal.
Sorrir demais é leviandade, que o diga o sorridente de Turiúba-SP.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor