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OPINIÃO MENSAGENS DE AMOR SÃO RIDÍCULAS

“Precisamos ser mais ridículos, fugir da mediocridade. Fazer tudo para não ser normal.”, opina Hélio Consolaro, na Coluna Blog do Consa

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Fernando Pessoa, por meio de seu heterônimo (pseudônimo) Álvaro de Campos, escreveu o poema "Todas cartas de amor são ridículas", mas hoje as pessoas não escrevem cartas, mandam mensagens uma para as outras por meio das redes sociais. Atualizemos a palavra: em vez de carta, mensagem.

 

Neste mundo de ódio que uma parte da sociedade criou, escrever mensagens de amor se tornou ridículo. Mas para ser mensagens de amor precisam ser ridículas, ou melhor, "...só as criaturas que nunca escreveram / Cartas de amor / É que são / Ridículas." (Álvaro de Campos)

 

Precisamos ser mais ridículos, fugir da mediocridade. Fazer tudo para não ser normal.

 

UMA MENSAGEM DE AMOR

 

"O amor é coisa mais profunda do que um encontro casual" - Belchior

 

Cara amiga, você passou vários anos na minha frente, éramos do mesmo grupo, fizemos projetos juntos, brigamos, até nos xingamos. De repente, abriu um clarão na porta e você entrou. Iluminou tudo, doeu até a vista.

 

Não houve um encontro casual, nem uma atração carnal. Já somos idosos. Os caminhos do amor foram sendo construídos na surdina até chegar ao encantamento, trocamos o velho coração do baixo batimento por um acelerado.

 

Nas atividades coletivas, eu ficava namorando o seu belo jeito de ser, seu sorriso, sua alegria, a sua liderança. Não era inveja, porque no mundo da santidade só pode haver enleios, admirações, sentimentos positivos.

 

Não era amor à primeira vista, era quase a última tentativa da magnitude, em cuja atração está a jovialidade. Tratava-se de um sentimento nascido da convivência, de vê-la tratar os outros com amor, respeito, inclusão. Meu olhar era de devoção.

 

Quando Belchior cantou a "Divina comédia humana", de onde saíram os versos em epígrafe, estava em plena juventude, na efervescência da libido, bem diferente desse cronista.

 

Amar na velhice é dizer não à depressão, ter fé, e viver bem até o último fôlego, sem se tornar um velho solitário e rabugento. Exemplo disso é o casal Manuel Pina (escritor português que mora em Araçatuba) e a brasileira Vera Ochiucci. Gente de garra.

 

Vendo-me assim, animado, vendendo otimismo, alguém perguntou se eu estava novamente apaixonado. Respondi-lhe que me esforçava por merecê-la.

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)

 

CONFIRA “Divina Comédia”, na voz de Belchior:

 

 


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