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A PERGUNTA É... QUANTOS CAVALOS TEM O MOTOR DO SEU CARRO?

Este cronista não pretende culpar ninguém, mas convidar para pensar sobre o choque do carro com um cavalo e os rumos de nosso desenvolvimento tecnológico e urbano

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“Uma mulher identificada como Nadir Maria Marin Buono, de 44 anos, morreu em um acidente, na rodovia Elyeser Montenegro Magalhães (SP-463), em Araçatuba (SP). O carro em que ela viajava como passageira se chocou contra um cavalo que estava no meio da pista. (018 News 06/05/2022)”.

 

O título dessa crônica parece trivial, sem fundamento, mas tem um sentido antropológico que revela a trajetória da humanidade no planeta Terra. Sem o equino, o mundo ocidental não teria nem inventado a roda.

 

Dizem os estudiosos que o índio continuou imerso na floresta, chamando-a de mãe, porque não usou o cavalo para se mover, para puxar o arado.

 

Sem usar o cavalo como seu escravo, que puxava carroça, carruagem etc não teríamos chegado ao semovente fabricado por nós mesmos: o carro, caminhão, moto, ônibus e seus similares.

 

Agora, nos damos o luxo de proibir o trânsito de carroças no centro da Araçatuba (decreto da Prefeitura), mas antigamente os equinos valiam o preço de um carro: o nobre andava a cavalo, o peão, a pé. Houve muitos cavalos famosos na história da Humanidade. Ter um cavalo era pertencer a outra classe social, a nobreza.

 

Como construímos a sociedade dos carros, avançamos tecnologicamente, o equino não tem mais espaço na cidade, ele é um estorvo. Mas existem os remanescentes, ainda temos carroceiros, que têm como companheiro de trabalho um cavalo, um burro ou então as fêmeas.

 

A Nadir Maria não sobreviveu, o cavalo também não (qual seria o nome do animal). Como a humanidade se acha o centro do planeta Terra, valorizaremos mais a perda da vida da motorista.

 

Porém, não podemos esquecer, de acordo com o código de posturas da cidade, que um cavalo não pode circular por seus labirintos, ou seja, as ruas, avenidas, rodovias por onde andamos montados nos seus descendentes, o carro, moto.

 

Este cronista não pretende culpar ninguém, mas levar o caro leitor a uma reflexão: o choque do carro com um cavalo nos faz pensar nos rumos de nosso desenvolvimento tecnológico e urbano.

 

Dizem que animal não tem alma, mas certamente os dois criaram asas e voaram. Meus sentimos à família de Nadir Maria; e minha cara feia ao dono do cavalo, pois não cuidou dele.

 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP


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