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FORÇAS DESARMADAS SER PACÍFICO ESTÁ LONGE DE SER BANANA

“Minhas forças não são armadas, minhas armas são as palavras que às vezes são cortantes”

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Minhas forças são desarmadas. Sou pacífico, mas não sou um banana, pratico a não violência ativa. Minhas forças desarmadas recebem treinamento dos livros.

 

Às vezes, dou uns berros com alguém, mas para por aí a minha desinteligência. Quem quis me armar foram as Forças Armadas do Brasil em 1967, no TG 14, Araçatuba (SP). Quando sargentos me puseram nas mãos uns fuzis velhos, sucatas da Segunda Guerra Mundial. 

 

E assim íamos brincar de fazer guerra, cavar trincheiras, dar tiros de festim na baixada do Córrego Machadinho, onde hoje é a avenida Pompeu de Toledo. Preparar-se para a guerra em tempos de paz, assim era o ensinamento belicoso.
  

 

Já pressentia e depois tive certeza ao ler que os dois ralos por onde somem o dinheiro público no Brasil são as Forças Armadas (não incluo a polícia) e o sistema prisional.

 

Para que aquela multidão aquartelada (quase 500 mil), dormindo e comendo e recebendo instruções por conta do governo, se nosso país não está em guerra e nem tem fronteira em conflito com ninguém? As Forças Armadas do Brasil têm 30 bilhões reservados no orçamento da União. Aliás, ao nível das guerras de hoje, não temos tecnologia para enfrentar ninguém no mundo, a não ser fazer uma nova Guerra do Paraguai.

No Brasil, temos 700 mil pessoas morando no cárcere: cadeias e presídios. Como foi o poder público (o Estado) que os levou àquela condição, o governo é obrigado a dar-lhes dignidade de moradia em habitações coletivas. Muita gente podia estar em liberdade, lutando por seu sustento, basta para isso modificar nosso código penal.

 

Como mudar isso? Passa pela mudança de mentalidade da população, não será pela força, nem com golpe, nem por revolução; conforme a realidade vai mudando, também reformulamos nossos pensamentos. Como mudamos durante a pandemia... 

 

A democracia é um regime com mudanças constantes e conflitos de ideias permanentes, polêmicas e embates, mas sem partir para a violência. A discussão precisa ser calorosa, mas desarmada.

 

Minhas forças não são armadas, minhas armas são as palavras que às vezes são cortantes.

 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.

 


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