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REFLEXÃO ENFRAQUECIMENTO DO PODER JUDICIÁRIO, A QUEM INTERESSA?

“Não há como se consolidar uma democracia com um Poder Judiciário enfraquecido, em frangalhos, sendo atacado a todo momento por setores da sociedade”, diz juiz

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Para Sócrates, filósofo grego, quatro coisas devem ser feitas por um juiz: 1) ouvir cortesmente; 2) responder sensatamente; 3) considerar sobriamente; 4) decidir imparcialmente. Nos meus 31 anos de magistratura, desde meu primeiro dia, levo os ensinamentos com muita seriedade, comprometendo-me com Deus em distribuir justiça por onde judicar.

 

De uns anos para cá, noto que uma parte da sociedade passou a atacar os magistrados, dando informações nem sempre corretas, tentando diminuir o pesado trabalho de julgar, apontando falhas e erros que nem sempre podem ser imputados ao juiz.

 

Em razão do enorme trabalho que os juízes desenvolvem – somos apenas pouco mais de 19 mil magistrados (mulheres e homens) para um Brasil com mais de 200 milhões de habitantes – e também pelas proibições existentes na legislação em relação aos juízes, nem sempre temos espaço para realmente mostrar nossa realidade e, no final, 19 mil juízes (entre mulheres e homens) sofrem ataques em razão de meia dúzia que resolveram sujar a toga que vestem.

 

A triste situação está gerando um desconforto grande nos magistrados que honram a toga que vestem e amam a magistratura – e garanto que é a maioria.

 

Tal situação começou a ser feita na classe política há anos; em razão de poucos políticos que não honram os votos que recebem da população, toda a classe acaba sendo massacrada, chegando ao ponto do descrédito da população. Muito triste.

 

Não há como se consolidar uma democracia com um Poder Judiciário enfraquecido, em frangalhos, sendo atacado a todo momento por setores da sociedade, em alguns momentos por parte da mídia, que acabam influenciando a população. E o juiz, por proibição de lei, nem tem chance de se defender e mostrar o que realmente acontece.

 

Por leis e recomendações o juiz não pode se manifestar livremente em redes sociais, não pode sair candidato junto ao Poder Executivo e nem ao Poder Legislativo, não pode participar de movimentos sociais e, arriscado a sofrer reprimenda, poucos adotam a atitude como eu estou fazendo para expor um pouco das angústias que passamos, para informar e partilhar do espaço de conhecimento com a sociedade em que vivemos.

 

Agradecendo o espaço cedido, trago aqui a reflexão: a quem interessa o enfraquecimento do Poder Judiciário? Quem lucra com isso?

 

Que o Mestre Jesus Cristo, em sua infinita bondade, continue a nos guiar, mostrando os caminhos corretos, pautados no respeito e no amor, para que possamos buscar sempre a verdade que nos esclarecerá.

 

* Dr. Emerson Sumariva Júnior, Juiz de Direito Titular da 3ª Vara Criminal e Corregedoria da Polícia de Araçatuba, atual Diretor Regional da APAMAGIS (Associação Paulista de Magistrados) e Professor do curso de Direito do UNISALESIANO de Araçatuba.

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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