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OPINIÃO CARÁTER E REPUTAÇÃO

No artigo desta semana na coluna REFLEXÕES” o agora ‘imortal’ da Academia Araçatubense de Letras (AAL), Adelmo Pinho, estabelece os contrapontos entre “ser” e “parecer” dentro da moral, ética e opiniã

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Caráter pode ser definido como o conjunto de características relacionadas ao aspecto moral de uma pessoa. Quando alguém possui boa índole, diz-se que tem bom caráter, sendo-lhe uma qualidade intrínseca ou natural. O contrário é o indivíduo mau-caráter, capaz de atos traiçoeiros, não confiáveis.

 

Reputação é o conceito que alguém possui perante a sociedade, ou seja, é o olhar de fora para o indivíduo. Quando um político pilantra quer ser eleito e enganar o povo, ele busca “construir” uma reputação respeitável perante a sociedade, por exemplo, praticando ostensivamente boas ações.

 

Cediço que ser detentor de cargos públicos importantes ou representante de uma religião, não significa, necessariamente, ter bom caráter. Com o tempo se aprende, também, que uma boa e verdadeira reputação construída por toda vida pode acabar num segundo, diante de um grave erro ou de um mal praticado.

 

Existe, portanto, nesse contexto, uma diferença crucial entre o “ser” e o “parecer”. A frase seguinte, atribuída ao imperador romano Júlio César, é uma aula nesse sentido: a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.

 

A origem dessa frase ficou marcada na história, porque a esposa do imperador Júlio César, Pompeia, uma jovem muito bonita, deu uma festa palaciana somente para mulheres. Mas Publius, apaixonado por ela, disfarçou-se de mulher e entrou na festa para encontrar Pompeia. Tal fato causou escândalo público na época, levando o imperador a divorciar-se dela.

 

Para Júlio César, mesmo que nada acontecera entre Pompeia e Publius, o divórcio era necessário, porque para ser a esposa de um imperador, Pompeia, além de honesta (ser), deveria parecer sê-lo, ou seja, tinha que agir assim publicamente.

 

A verdade é que existe uma complacência do homem na aceitação da hipocrisia e da mentira na sociedade. Tornou-se natural o ato de trapacear ou de enganar o semelhante; por isso, tanta corrupção seja no âmbito público ou privado. O agir “nas sombras” e o culto ao errado tornou-se usual e aceito.

 

A ética, tão pregada e exemplificada por Jesus Cristo, Buda ou Aristóteles, pouco é adotada no mundo contemporâneo, ficando reservada a poucos ou aos debates de natureza filosófica. A ética, claro, independe da fé, sendo uma forma correta de agir do homem em prol do bem comum.

 

Ter bom caráter, frise-se, é fazer o que é correto, mesmo quando ninguém esteja vendo. Senão, fica valendo o dito popular: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.

 

Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba (SP), articulista, escritor e membro da Academia Araçatubense de Letras (ALL)

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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