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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL LITERATURA VERSUS CHAT-GPT

“Um robô não se equipara ao ser humano, que possui cognição, sentimento, relaciona-se com outras pessoas, animais e plantas”, compara o promotor de justiça e articulista Adelmo Pinho

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ChatGPT é uma ferramenta dotada de inteligência artificial (IA), capaz de produzir textos sobre diversos assuntos e resolver tarefas programadas. Na matéria do jornal O Estado de São Paulo de 02 de abril de 2023, sobre cultura e comportamento, autores foram ouvidos sobre essa tecnologia e disseram não acreditar que ela gere textos que possam substituir a criatividade humana.

 

Para alguns escritores, conforme a matéria, com o uso dessa tecnologia o autor pode “ficar tentado a plagiar ideias” e ela não seria capaz de suplantar a sensibilidade humana.

 

Parece correta a análise dos literatos consultados na matéria sobre essa forma de inteligência artificial.

 

Um robô não se equipara ao ser humano, que possui cognição, sentimento, relaciona-se com outras pessoas, animais e plantas.

 

Robô não possui dor física ou emocional, não sabe o que é ser feliz, não conhece frustração, não sabe o sentimento do nascer de um filho ou da perda de um ente querido.

 

Como poderia a IA escrever poemas, como Fernando Pessoa, em Mar português, se não tem sentimento ou vivência no mundo real? Como poderia essa ferramenta interagir com personagens ou buscar a psicologia e a contradição entre eles, como Machado de Assis? Como a IA poderia criar tragédias shakespearianas ou Os Miseráveis de Victor Hugo? Como poderia essa ferramenta criar a literatura de cordel e as novelas brasileiras? Como a IA poderia compor músicas como Cartola, Vinicius de Moraes e tantos outros?

 

O samba enredo de 1998, Quase no ano 2000, num de seus trechos, não à toa, trouxe o prenúncio de “máquinas sem sentimentos”. Longe de ser refratário à tecnologia, a qual auxilia em muito, autores e escritores na divulgação de suas ideias e obras. Mas, cada coisa no seu lugar.

 

A literatura não pode ser reduzida ou comparada a uma ferramenta que caça palavras e as associa, conforme uma programação.

 

Seria o início da profecia de George Orwell, em 1984, em que os livros eram produzidos por máquinas do governo, para não deixar o povo pensar?

 

Yuval Harari, historiador, alerta que o uso da IA para o mal pode formar governos de ditaduras digitais, com o controle absoluto das pessoas. O risco, porém, está na intenção de quem controla a tecnologia (governo e as grandes empresas do ramo).

 

Elon Musk disse que a IA pode ser o instrumento de “destruição da civilização”, ou seja, “o criador renegando a criatura”.

 

Assim, definitivamente, quanto ao ChatGPT, robô não pode produzir literatura, porque não tem criatividade, crítica, sentimento, amor, fé e alma. Robô, cediço, não é gente, é despido de inspiração ou ideias. Porém, de qualquer modo, temos que conviver e saber lidar com a inteligência artificial.

 

Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba (SP) e articulista

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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