A Prefeitura de Araçatuba tem, nos seus quadros de servidores comissionados – ou apaniguados, para quem achar melhor – um funcionário nomeado pelo prefeito Dilador Borges (PSDB), em um cargo de Diretor de Departamento, que há mais de ano vem exercendo função dupla entre suas obrigações com a administração municipal e uma empresa privada da cidade. O funcionário em questão é profissional de carreira da Prefeitura mas, com apenas 10 dias de gestão, foi alçado a posto de confiança pelo chefe do Executivo. Até porque, os dois frequentam a mesma irmandade.
POLÍTICO DIZ TER PROVAS
O caso poderia passar batido se, ao longo dos últimos meses, um político que já exerceu mandato na cidade não tivesse reunido um vasto material comprovando o trabalho desse apaniguado em uma, hoje, falimentar empresa privada do município. A junção de provas, segundo o político, se deveria ao fato de o contratado receber benesses junto aos salários mensais que o obrigariam a dedicar-se plena e exclusivamente à administração municipal. Por lei, essa pessoa só poderia dar aulas, o que não ocorre na prática.
EM HORÁRIO DE EXPEDIENTE?
O político, que tem colecionado material do apaniguado em questão, afirma, inclusive, que o referido homem de confiança de Dilador Borges teria sido visto trabalhando em referida empresa em horário no qual deveria estar dentro da Prefeitura, dando seu expediente. Diga-se de passagem, em sala bem próxima ao gabinete do prefeito e demais integrantes da cúpula governamental.
QUEM VAI EXPLICAR?
Diante de tal cenário, uma série de perguntas deveriam ser explicadas pela administração municipal. A primeira delas é se o tal apaniguado de fato recebe benefícios extras em seus salários. Como o famigerado RDP (Regime de Dedicação Plena), que obriga o agraciado a dedicar-se 24 horas por dia à sua função. Isso significa que, além das 8 horas diárias de carga de trabalho, as demais devem ser colocadas à disposição do município para casos de emergência.
QUEM AUTORIZOU?
Uma outra pergunta que merece se respondida: quem da administração autorizou tal profissional a trabalhar na Prefeitura e também em uma outra empresa da cidade? Empresa esta que já foi bastante forte e que, vale a pena registrar, entrou num processo de quebra financeira que a levou a demitir dezenas – ou seriam centenas? – de funcionários sem mesmo fazer acertos trabalhistas, deixando que tais profissionais recorressem à Justiça para cobrar seus direitos trabalhistas.
'MILHO PARA BODE'
Por fim, para o prefeito Dilador Borges não sabe, de verdade, dessa artimanha? Será que tendo tal funcionário tão perto de seu gabinete ele desconhece mesmo essa armação? Se não sabe, deveria saber. Até porque, já foi alvo desse mesmo aliado no serviço que exerce fora da Prefeitura. E uma parcela da cidade, inclusive, leu sobre o que escreveu. Pelo que se observa, usando um ditado popular, Dilador estaria dando “milho para bode” num assunto que pode macular sua administração bem à boca de uma disputa pela reeleição. Vai o tucano pagar para ver o tomará alguma posição decente e convincente?