Com o passar das legislaturas, o exercício da vereança não tem sido algo fácil como o ofício induz aqueles que se dispõem a entrar na política. No geral, o principal papel de um vereador é fiscalizar o Poder Executivo; apresentar requerimentos de informações; lamentar a morte de munícipes e bajular um ou outro por algo de bom que façam à sociedade. No geral, sobram proposituras de uma lei ou outra, desde que não gere despesas à administração municipal. Ainda assim, sempre tem um “espírito de porco” que sempre aparece com uma ideia mirabolante que ele acha que será o máximo para a população. Bem ao estilo “Fantástico Mundo de Bobby” e como aconteceu com o presidente da Câmara de Araçatuba, Alceu Batista (PSDB), que, conforme reportagem publicada pelo jornal Folha da Região no fim de semana, estuda propor a transferência da Casa de Leis do atual prédio onde está instalada, na Praça 9 de Julho, para o abandonado Centro Cultural Ferroviário, nome dado ao prédio onde no passado funcionou a antiga oficina de locomotivas da NOB (Estrada de Ferro Noroeste do Brasil) e que hoje está caindo aos pedaços. Sim, sem ter o que propor de relevante para a cidade, Alceu Batista botou funcionários da Câmara para buscar informações e chegou a soltar lustrosa pérola pelos corredores do Prefeitura. Foi parar no jornal.
PROPOSTA RIDÍCULA
A proposta de Alceu Batista – que por ora não passou de um início de estudos e de sua sanha em noticiar algo que para quem conhece um pouco do histórico do Centro Cultural Ferroviário sabe que é improvável de acontecer – se faz ridícula uma vez que Araçatuba tem uma infinidade de outras prioridades. O parlamentar, que ainda vive a euforia de assumir a presidência do Legislativo pela primeira vez na vida, com tal projeto, só leva a população a reforçar a sensação de que a Câmara de Araçatuba nem sabe como gastar as cifras milionárias que lhe são repassadas anualmente.
R$ 1,66 MILHÕES POR VEREADOR
Somente para o ano de 2021, a Câmara terá um orçamento de R$ 25 milhões para gastar. Isso tudo para pagar todas as despesas da Casa e a folha de pagamentos e décimo terceiro de 96 pessoas, incluindo servidores efetivos, assessores apaniguados e os próprios parlamentares. De toda sorte, o montante que a Prefeitura repassará ao Legislativo este ano representará a quantia de R$ 1,66 milhões por vereador. Custando tudo isso aos cofres araçatubenses, os 15 eleitos no último pleito têm a obrigação trabalhar com mais seriedade pela cidade e sua população.
'VÉIO DA HAVAN'
No caso do Centro Cultural Ferroviário, o empresário Luciano Hang, o “Véio da Havan”, loja de departamentos instalada bem ao lado, ainda na gestão do prefeito Cido Sério, que à época estava no PT, propôs parceria com o município para restauração do prédio que está caindo aos pedaços. Chegaram a firmar parceria com um instituto para elaboração de projeto mas nada foi além disso. Principalmente, porque a restauração do Centro Cultural, um prédio tombado como patrimônio histórico, demandaria uma fortuna gigantesca.
'VÉIO DA CÂMARA'
Ao propor transferir a Câmara para o Centro Cultural Ferroviária, chega a ser difícil imaginar o que passa pela cabeça do presidente Alceu Batista. Ou ele não tem noção de valores; não sabe o que pode ou não ser feito no local; ou simplesmente pensa que jogando uma lona sobre o telhado, que caiu há anos, e instalando umas divisórias no local da construção daria a Araçatuba uma nova e brilhante Casa Legislativa. Fora isso, é de se pensar que Alceu tenha um desejo súbito de ficar conhecido na cidade como o “Véio da Câmara”. Não à toa, o Legislativo araçatubense segue sendo o “Palácio do Riso” de sempre.