A dona de casa Milena Brito Vilela estava grávida de seis meses quando começou a sentir os primeiros sintomas associados à Covid-19. Em seguida, testou positivo para a doença e foi internada às pressas em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de Andradina.
Trinta dias depois de ser submetida a um parto de urgência, enquanto estava em coma lutando contra a infecção, Milena descobriu que havia se tornado mãe da pequena Helena Flora de Brito Vilela. “Não me lembro de nada. Acordei e achei que não tivesse mais a minha filha. Minha mãe falava que ela havia nascido, meu marido também falava, mas só fui acreditar quando a vi”, disse Milena.
PRIMEIRO A POSITIVAR
O primeiro encontro entre mãe e filha foi feito no dia 3 de agosto, com ajuda de profissionais de um hospital particular de Catanduva, para onde ela havia sido transferida. “O coração bateu forte. Não vejo a hora de conseguir fazer as coisas sozinha, dela chorar e eu levantar para pegá-la, dar banho, amamentar. Eu quero fazer tudo por ela, tudo e muito mais”, afirmou.
O primeiro da família a testar positivo para a doença foi o marido de Milena. Anderson Vilela dos Santos é enfermeiro e atua na linha de frente contra o novo coronavírus. Logo depois, Milena começou a sentir os sintomas, fez o teste e também recebeu o resultado positivo. Ela piorou repentinamente e precisou ser levada a um hospital de Andradina, onde foi intubada. Como o hospital não possuía uma UTI neonatal, mãe e filha foram transferidas para Catanduva.
ÁUDIOS AJUDARAM
A mãe de Milena diz que a filha ficou dias sem reagir, preocupando a família e deixando o marido aflito com a situação. “Meu outro filho já tinha sofrido um traumatismo craniano e ficado em coma. Infelizmente, já tínhamos passado por essa experiência. Na época, colocava áudios, enviados pelos amigos, no ouvido do meu filho. Como dava certo, decidi fazer com minha filha”, afirma a terapeuta energética, Dircélia Maria de Brito.
Como não podia entrar no quarto em que a filha estava internada, Dircélia enviou áudios para uma psicóloga e pediu para a profissional reproduzi-los no ouvido de Milena.
“Foi incrível. Minha filha reagia quando escutava. Chegou um dia em que a Milena, finalmente, estabilizou. Acho que era 2 de julho quando levaram a Milena para o centro cirúrgico, colocaram o áudio da família no ouvido dela e fizeram o parto de urgência”, explica Dircélia.
“Tudo ocorreu dentro da normalidade, mas, como a Helena nasceu de seis meses, o pulmão dela ainda não estava totalmente formado. Ela ficou intubada igual à mãe. Incrível, uma melhorava, e a outra também”, explicou Dircélia.
“A Milena não acreditava que tinha tido uma filha. Ela não se lembrava de nada. Ela só reconheceu quando pegou no colo. Foi um momento incrível”, disse Dircélia.
REABILITAÇÃO
Milena recebeu alta na última quinta-feira (06). Helena ainda continua internada, mas já pesa 1,2 Kg e respira somente com auxílio de um aparelho. Por conta das complicações provocadas pela Covid-19 e do tempo que permaneceu internada, Milena teve a parte motora e órgãos afetados. “Trabalhei 28 anos como enfermeira, cuidando dos outros, agora é a vez da minha filha. Ela vai começar a fisioterapia, porque não está conseguindo andar ”, disse Dircélia.
Para as pessoas que estão passando por um momento parecido com o que a família enfrentou, Dircélia afirma que a fé é importante, mas a atitude é ainda mais.
“Todos os dias é um recomeço. Nós temos que ter fé, mas lutar também. Não é só ter fé. Precisamos ter atitude e ação. Sou terapeuta energética. Acredito muito em energia. Quando a Milena não reagia, eu conversei com minha família. Disse que precisávamos mudar a energia. Deu tudo certo no final. As duas nasceram de novo”, explicou Dircélia.