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Com salário bruto de R$ 13.638,55 – mais que o dobro do que ganha um vereador –, o comissário-geral Márcio Saito, responsável pela agência reguladora Daea, criada após a concessão dos serviços municipais de saneamento à iniciativa privada, veio a público nesta segunda-feira (07), com a cara bem lavada e discurso um tanto quanto demagógico, dizer que a Samar (Soluções Ambientais de Araçatuba) pode ser multada em R$ 1 milhão por conta de problemas no abastecimento que castigaram no fim de semana, a população da Zona Leste da cidade.
Márcio Saito não falou abertamente à população sobre sua “ameaçadora” possibilidade de a Samar ser multada por conta das torneiras secas em residências e estabelecimentos comerciais de mais de 40 mil pessoas. Fez de forma um tanto quanto sorrateira, sem mesmo que a administração municipal soubesse do fato. O que ficou claro quando a Comunicação Social da Prefeitura foi questionada sobre o assunto e demonstrou-se surpresa com as declarações do fiscalizador dos serviços da Samar.
A observação de um membro com poder de decisão na Comunicação Social da Prefeitura, sobre a medida adotada por Márcio Saito enquanto representante dos componentes da famigerada agência reguladora, foi a seguinte: “Isso me irrita neles”.
Quatro palavras que refletem bem o sentimento do governo municipal sobre a agência que deveria fiscalizar e tomar providências, mas que preferiu ver o prefeito Dilador Borges (PSDB) e sua equipe sangrarem durante quatro dias até que a tal agência chegasse à esta segunda-feira (07) com fantasia de salvadora da pátria que, de nada serve, senão para fazer média perante a população castigada pela falta de água nas torneiras.
O posicionamento de Márcio Saito somente nesta segunda-feira leva o cidadão mais racional a interpretar inúmeras coisas. Uma delas é a de que, mesmo ganhando altos salários, os integrantes da agência reguladora Daea não trabalham aos fins de semana, mesmo estando grande parcela da população enfrentando situação calamitosa.
Também é passível de interpretação que a agência reguladora Daea, como fiscalizadora dos serviços prestados pela Samar, de nada serve. Mais que isso, que seis integrantes estão “defecando e andando”, como diz o ditado, se a pimenta usada como “refresco” está ardendo nos olhos de terceiros.
Agir após quatro dias de agonia é assinar atestado de incompetência, incapacidade, inoperância e, principalmente, irresponsabilidade. Pois, desde que a Zona Leste começou a “arder em chamas” e sem água nas torneiras para assegurar um direito mínimo de qualquer cidadão que paga em dia suas contas e seus impostos, a agência liderada por Márcio Saito e seus subordinados deveria ter agido de imediato. O que não aconteceu.
O episódio da falta de água tinha, por obrigação, que ser resolvido por intermédio da agência reguladora Daea, um órgão público que mais parece ser subserviente à Samar do que fiscalizador, como impõe a legislação que o criou.
Dizer, depois que o “circo pegou fogo” que a concessionária pode ser multada em R$ 1 milhão dependendo do que responder, num vasto questionário que foi enviado somente nesta segunda-feira à Samar, é desdenhar da inteligência da população.
Por essas e outras – inoperâncias da agência reguladora Daea –, o senhor Márcio Saito deveria chegar ao prefeito Dilador Borges, que o escolheu para comandar as fiscalizações nunca ninguém vê por parte de tal organismo, e pedir demissão. Entregar o cargo comissionado que ocupa e desapegar-se do gordo salário que recebe mensalmente para demonstrar tão pouco serviço. Principalmente, quando mais de 40 mil pessoas tanto precisam dele.
A crise da água na Zona Leste tem que servidor de motivo para que a agência reguladora Daea mostre aos araçatubenses, de fato, para que serve. Sem, é claro, as presenças de Márcio Saito em seu comando. Pois competência para isso, ele já demonstrou que não tem.