A adolescente de 16 anos apreendida na última terça-feira (2) como suspeita de participação nos assassinatos da própria mãe e da irmã mais nova, na cidade de Pompeia (SP), está internada em uma das duas unidades da Fundação Casa de Araçatuba, desde esta quarta-feira (03), aguardando ser apresentada à Justiça e encaminhada, em definitivo, para uma unidade feminina da instituição no Estado de São Paulo.

Desde o dia 1º desde mês, a Casa Araçatuba, uma das duas unidades da Fundação no município, passou a receber também meninas infratoras, conforme decisão da Corregedoria Geral de Justiça do Estado. Elas ficam em ala separada à que abriga meninos. No caso da adolescente em questão, na próxima semana ele deve ser encaminhada para unidade na cidade de Cerqueira César.

A menor foi apreendida no início desta semana e indicou os locais onde os corpos da mãe, Cristiane Arena, de 34 anos, e da irmã, Karoline Vitória, de 9 anos, estavam enterrados no quintal da casa onde moravam.

Mãe e filha mais nova eram consideradas desaparecidas desde novembro do ano passado. Segundo o delegado Cláudio Anunciato Filho, que comanda as investigações, a revelação feita pela adolescente, dos locais onde estavam os corpos, reforça a tese da sua participação no crime ao lado do principal suspeito, ex-companheiro de sua mãe, um rapaz de 36 anos.

“Ela (adolescente) não admite a participação, mas teve um momento logo após ser apreendida que revelou aos policiais, que estavam com dificuldade de encontrar o corpo da criança, que ele estaria perto de uma árvore e de uma piscina de plástico, onde realmente estava”, disse o delegado em entrevista à imprensa

O delegado que conduz as investigações afirma ter provas de que o homem apontado como mentor e executor dos assassinatos tinha um relacionamento com a adolescente filha, filha da própria esposa. A polícia, no entanto, não informou que elementos comprovam a existência desse relacionamento.

CÁRCERE PRIVADO

Ainda de acordo com o delegado, a Polícia Civil chegou à casa onde os corpos estavam enterrados após receber denúncia de cárcere privado. A informação era de que a adolescente teria sofrido abuso por parte do padrasto. Policiais encontraram apenas o homem e a adolescente em casa, e os levaram para prestar esclarecimentos.

"A garota disse que a mãe foi embora com a filha menor após conhecer um novo namorado, mas os depoimentos eram contraditórios e fomos investigar", explicou o delegado, que não detalhou o que a garota informou sobre a denúncia de cárcere privado.

Ao investigar o desaparecimento, a polícia também descobriu que o suspeito estava movimentando a conta bancária da mulher, que havia sido demitida do trabalho pouco antes de sua morte e recebido um valor de rescisão.

A expectativa da Polícia Civil é de que a adolescente, que está na condição de interna em uma das unidades da Fundação Casa em Araçatuba, esclareça de fato como a mãe e a irmã foram assassinadas e enterradas no quintal de casa. Da mesma forma, qual seria a motivação do crime. Nos próximos dias, a polícia de Pompeia deve receber laudos periciais que podem apontar o que levou mãe e filha à morte.

MUDANÇA NAS UNIDADES

Procurada para confirmar se a adolescente apreendida por suposta participação no crime bárbaro em Pompeia está em Araçatuba, a assessoria de imprensa da Fundação Casa confirmou que ela foi transferida pela cidade e também explicou as mudanças determinadas pela Corregedoria Geral de Justiça que colocam o município como referência para receber, de forma temporária, meninas que venham cometer infrações na região.

“Em fevereiro de 2021, a Fundação Casa aumentou para 31 o número de centros socioeducativos no Estado de São Paulo, localizados em 27 cidades, que agora realizam o atendimento inicial ao adolescente que cometeu ato infracional. Antes eram nove centros especializados instalados em oito municípios no Estado. O Casa Araçatuba agora atende, no artigo 175 – a adolescente pode ficar até cinco dias, menina que cometeu ato infracional na região. O centro socioeducativo Araçatuba tem dois espaços, um ficou disponível para meninas e outro para os meninos. Eles ficam em locais totalmente separados. Dentro desses cinco dias, a Fundação Casa apresenta a menina ao judiciário e pede a transferência dela para o centro socioeducativo feminino de Cerqueira César”, diz a instituição. A Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) publicou na segunda-feira (1º) o Provimento CG nº 07/2021, com as novas normas.

Com informações do G1 e Fundação Casa.