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OPINIÃO ACREDITAR EM ANJOS E A IMAGEM CONSTRUÍDA PELO CINEMA

Petulantes, consideramos existir um anjo para cada um de nós. Mas já imaginou a cidade de São Paulo, com 11 milhões de habitantes, a quantidade de anjos voando, questiona Consolaro em sua crônica

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Anjos, aqueles seres alados, é a imagem que tenho deles. Muitas vezes progredimos em nossos conhecimentos, mas continuamos infantis na religiosidade.

 

Alguém me disse certo dia: - Cuide-se, Consa, porque o seu anjo pode estar cochilando.

 

Nunca desejei a alguém que durma com os anjos, pois sei que isso faz parte apenas de uma linguagem polida, um relacionamento. Vou direto ao assunto: tenha um bom sono. Mas há quem goste e respeito.

 

Na verdade, somos tão petulantes que consideramos existir um anjo para cada um de nós. Já pensou a cidade de São Paulo com 11 milhões de habitantes, a quantidade de anjos voando? Na verdade, apenas sete anjos são nominados: Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel, Anael, Azaziel e Azaquiel. O Aracanjo é o chefe deles.

 

Com essa indiferença que tenho aos seres angelicais, nunca assisti ao filme "Cidade dos anjos", produzido há tanto tempo, em 1997. Parece que na época fez sucesso.

 

Achava que "Cidade de Deus" era uma resposta à "Cidade dos anjos", porém no mesmo ano em que o filme norte-americano foi lançado, Paulo Lins autografava no Brasil seu livro homônimo no qual o filme foi baseado. E o filme brasileiro entrou em cartaz em 2002. Os dois filmes não se dialogam, um não tem nada a ver com o outro.

 

Recentemente, compartilhei nas redes sociais um curta metragem de autoajuda de Rubem Alves que cita ligeiramente o filme "Cidade dos anjos". Como estava meio sem sugestão, embarquei, encontrei-o no YouTube HD.

 

Verdade mesmo é que achei o roteiro de "Cidade de anjos" bem bobinho, mas nessa simplicidade, o filme revela uma questão profunda do ser humano: sua pretensa imortalidade.

 

Jesus Cristo encarnou o ser humano, foi torturado e ressuscitou. Mostrou que a busca da imortalidade depende de como se vive aqui na Terra.

 

No filme "Cidade dos anjos", o anjo se apaixona por sua protegida, uma médica, e para viver tal paixão abandona a eternidade, se encarna nas limitações humanas. Faz o caminho inverso de Cristo. O anjo considerou a nossa vidinha merreca mais interessante.   

 

Se você estiver achando que o ser humano é a última merda que o urubu deixou no toco, como dizia Machado de Assis, deve ser efeito de um momento de pessimismo que esteja vivendo. Sacuda a poeira.

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.


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