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REFLEXÃO COTIDIANO – UM TEMPO DE FESTA

O maior erro que você pode cometer é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum (Elbert Hubbard)

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Jogo do Corinthians, que seria assistido pelos palmeirenses também, para secar o rival, não o deixar prosperar.

 

Assim, juntei quatro garrafas de minicerveja (romarinho) para a noite na loja de conveniência do posto de combustíveis. Ainda não sou prisioneiro do tal do malte.

 

Duas no primeiro tempo, duas no segundo. Afinal, não posso deixar o luto tomar conta de mim. Refresco para tanto calor. Ainda faço isso aos 75 anos, sou um cara privilegiado.

 

Usei uma bolsa térmica destinada a remédios, com propaganda de farmácia, como forma de carregar os cascos e trazê-los cheios de volta.

 

Cheguei ao balcão, onde sou cliente e bastante conhecido, com aquela bolsa esquisita:

 

- Quero quatro ampolas.

 

Tempos atrás, garrafas de cerveja eram chamadas pela moçada de ampola (conteúdo de injeção). A balconista me olhou esquisito:

 

- Professor, aqui não é farmácia.

 

Abri a bolsa e mostrei-lhe as quatro ampolas.

 

- Está usando a bolsa para se disfarçar. Deixa disso, o senhor nem casado é mais, está livre e solto!

 

Respondi-lhe que às vezes as proibições moram dentro da gente, os grilhões são internos. Reprime mais um padre ou um pastor autoritário que o cassetete da polícia. Só se abre o coração de um reprimido com chave pelo lado de dentro. Cronista é mesmo um atrevido, vive pregando suas lições.

 

E assim, paguei a conta, desejei a todos os melhores dos mundos, apesar do calor. E saí cantando trecho da música de Nando Reis: "Quando o segundo Sol chegar". Os fregueses da loja quiseram me matar, pois não aguentavam o calor de um sol só, imagine dois.

 

E um deles, gozador, quase ofereceu a mão para auxiliar o velhinho a atravessar a avenida. Gargalhadas. E devolvi o insulto com a famosa frase: "Respeitem meus cabelos brancos!"

 

Maluco no mundo não há um só, no caso deste cronista, há pencas, malucos de baciada. Eis que quase fui atropelado por uma moto, cujo motociclista dirigia e segurava um ventilador em funcionamento. Queria fazer gracinha.

 

O calor era tanto, que o ar rompido pela moto não o refrescava, queria mais frescor. Ele deve ter improvisado uma ligação da ventarola à bateria do veículo. Queria mesmo era aparecer no YouTube.

 

Então, caro leitor, se eu estivesse ficado em casa bebendo apenas água, você não teria essa crônica para ler. Ninguém faz amigos em torno de um copo de leite.

 

Não valeu a pena? Porcaria? Tudo vale a pena, porque a vida é arte de empurrar os dias (ou o tempo) com a barriga, transformar o cotidiano em festa. Divertir-se é a arte de não contar os minutos. Mas já acabou essa crônica?

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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