Não me interesso pelo futebol mundial, mas há brasileiros menosprezando o nosso futebol e só assistem a partidas internacionais na TV e ainda dizem: isso sim é futebol! Talvez gostem de ver atletas brasileiros jogarem em times estrangeiros.
A queda de interesse de brasileiros pela Copa do Mundo, por exemplo, vem caindo, tanto pela questão política (sequestraram a camisa da seleção), mas também pela falta de ídolos. Os jogadores convocados foram novinhos para o exterior, não tiveram tempo de criar vínculo com a torcida brasileira.
Este cronista assiste a jogos da Copa São Paulo, campeonatos estaduais, até série B. Você, caro leitor, pode me dizer que não entendo nada de futebol ou sou masoquista. Até pode ser. Fui criado ouvindo da família que futebol era vagabundagem.
Apesar de tudo, futebol é para ser jogado, por times amadores num campinho da periferia, se possível estimulado pela prefeitura do município.
A espetacularização do jogo pela TV e o meio de ganhar dinheiro sendo atleta, construir fortunas, pode ser tudo, menos esporte. Tomar cerveja e ver jogo pela televisão não compõem uma atitude esportiva.
Não leve em consideração este cronista maluco, caro leitor, mas isso é apenas uma ideia. Não pretendo consertar o mundo, nem tenho mais força para isso. Atualmente luto apenas para me conservar vivo.
Estou ouvindo e lendo a notícia de que há a possibilidade de a seleção brasileira de futebol ter um treinador estrangeiro. De pronto, torci o nariz, mas fiz um exercício hiperbólico, exagerado, querendo também que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mudasse sua sede para a Europa.
Veja, caro leitor, se não tenho razão. Todos, quase todos os jogadores da seleção brasileira, jogam em times estrangeiros, sendo também o técnico, então muda-se a sede, deixando aqui no Brasil uma subsede para cuidar dos interesses menores. Economizaremos viagens.
Os times europeus são todos campeões, comprando jogadores dos países pobres e ou emergentes. A Fifa, que é uma organização do primeiro mundo, promove campeonatos mundiais de times campeões do mundo, e os times da Europa ganham tudo, porque eles vêm buscar nossos melhores jogadores ainda filhotes. A gente aceita a brincadeira, nossos times vão lá para a disputa mundial, sempre passando vergonha, cumprindo tabela, porque só sobraram para nós os refugos.
Eu gosto dos refugos.
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor
(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)