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NA MÉDIA GOL ANULADO DE RONY: A MEDIOCRIDADE DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Estamos abrindo mão de nosso protagonismo, terceirizando para um computador a capacidade de pensar e mensurar, observa Hélio Consolaro na crônica do BLOG DO CONSA desta semana

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Dificilmente me oponho ao novo, às novas tecnologias, mas estou com um pé atrás com a tal inteligência artificial. Parece que a humanidade, ou quem manda nela, quer a inteligência média, nada acima, nada abaixo.

 

A máquina faz um texto médio para quem tem preguiça de escrever, por exemplo. Estamos abrindo mão de nosso protagonismo, terceirizando para um computador a capacidade de pensar e mensurar. O gênio não tem espaço, o estranhamento é rejeitado. A poesia anda esquecida.

 

No jogo entre Palmeiras e Atlético MG, por exemplo, 28 de maio de 2023, o atleta Rony marcou um gol do tipo que é o sonho de todo jogador de futebol: o chamado gol de bicicleta ou puxeta.

 

O tal de VAR (Video Assistant Referee), gerigonça importada, que anda fazendo do árbitro um boneco, um homem ou mulher sem palavra anulou a sua preciosidade. Nos impedimentos, anda medindo os milímetros. O árbitro Bráulio da Silva Machado deu o gol, mas o VAR anulou a preciosidade de Rony, jogador do Palmeiras, de infância muito pobre no interior do Pará que enfrentava rojões no Remo. O futebol é a saída, e foi para Rony.

 

O ser humano teria chegado ao ápice, se o Atlético Mineiro tivesse pedido pela validade do gol de Rony ao VAR, mas imagino que nem no céu isso aconteceria num jogo entre os santos.

 

Rony marca os seus gols em campo como centroavante, chega em casa, depois da viagem de volta, comenta-os com o filho: meu pai, meu herói. Naquele dia, depois de chegar de Belo Horizonte, em casa, viu seu filho triste:

 

- Não deu, fiz todo o esforço do mundo, mas tiraram o brilho do pai. Na hora, não deu para medir o meu pé!

 

Naquela dia, não houve danças na família, nem carimbó, nem samba de comemoração, só tristeza. Depois da frustração de Rony, o time do Palmeiras foi outro, nem ganhou o jogo, empatou.

 

Foram dormir tristes: mãe, pai e filho. Frustrados. Se houvesse VAR na época do Pelé, não haveria chegado nunca aos mil gols, muitos foram frutos de impedimentos não vistos a olho nu.

 

Rony já venceu na vida, é glorioso, sua história está sendo escrita com ternura. O futebol é um negócio, mas negócio bom mesmo é ser feliz.

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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