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AINDA FALANDO DE POLÍTICA O EVANGÉLICO CONSEGUIU...

Na crônica desta semana, Hélio Consolaro aborda o ‘Poder do Evangelho’ e o milagre a olho nu, em período eleitoral

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Ler nas entrelinhas da vida é o trabalho do cronista. Acontece aqui, acontece ali, alinhava acolá. Nessa eleição, como em qualquer outra, o assunto eram os evangélicos. Todo político treme quando se fala deles. Superpoderosos.

 

Nessa campanha eleitoral, ganhei um hóspede evangélico, presbítero. A vizinha linguaruda andou dizendo que eu estava namorando um negão, até tinha trazido o cara pra dentro de casa. Expliquei-lhe que era afrodescendente. Mais respeito!

 

Dois homens morando a sós na mesma casa era embaraçoso, mas o Consa deixou o assunto morrer por si. Uma forma de enfraquecer boatos e fake news.

 

O Presbítero lia sua Bíblia diariamente no silêncio de seu quarto, sempre respeitando os espaços da casa, ficando mais recolhido. Saía toda manhã para fazer o seu serviço.

 

Numa das conversas, me perguntou por que a minha rua estava tão esburacada. Contei-lhe a longa história. Quando eu era situação, secretário da Cultura do governo Cido Sério (2009 a 2016), não foi recapeada para não cheirar protecionismo. Chefe é chefe. Simulei entendimento. Com o prefeito Dilador (2017 a 2024), não havia refresco com a oposição. O Consa mora lá, deixe a rua no buraco.

 

Assim, com asfalto esburacado, os moradores impacientes já pensavam em pôr à venda a minha casa. Livrarem-se da encrenca.

 

O presbítero ficou tocado pela história. E num rompante, me disse na sexta-feira:

 

 - Vou resolver isso para o senhor!

 

Uma promessa a mais não faz mal ninguém. Na segunda-feira, acordei e ouvi um barulho diferente. Não era a máquina de lavar roupa, nem ar-condicionado ligado e nem o vizinho com sua lava a jato ligada.

 

Pus a cabeça para fora, pela janela, as máquinas trabalhavam, recapeando a rua Jardim Brasil. Fiquei abismado. O evangélico conseguiu. Como foi, como não foi. O presbítero conversou com outro presbítero que é vereador. E foi reeleito. E minha rua foi posta na cota dele, assim ela foi recapeada antes da eleição.

 

Ninguém veio me pedir o voto, mas quase deixei o companheiro do PT falando sozinho para votar no evangélico benfeitor. Era a onda de asfalto do prefeito Dilador.

 

Foi um milagre a olhos nus, mas com uma lupa percebem-se as articulações, o poderio, como as coisas acontecem. Como eles dizem: é a força do Evangelho. A presença do hóspede profetizou.

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba (AAL), Andradina-SP, Penápolis-SP e Itaperuna-RJ.

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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