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OPINIÃO PRINCESA ISABEL ASSINOU A LÁPIS

Na crônica desta semana, Hélio Consolaro, usa o BLOG DO CONSA para lembrar o Dia da Abolição da Escravatura e para falar sobre a (des) igualdade racial

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Dia 13 de maio está próximo. Dizem os maldosos que a Princesa Isabel assinou a libertação dos escravos a lápis, pois o império inglês exigia do Brasil um país livre, já os senhores donos das terras brasileiras queriam de Dom Pedro II a continuidade da mão-de-obra escrava. Assim, pôs a filha para assinar qualquer coisa.

 

E o imperador perdeu o apoio dos latifundiários, que deram força à Proclamação da República. Assim a família imperial fugiu para a Europa, e um marechal se tornou o primeiro presidente do Brasil, sem saber muito bem o que era uma república, Deodoro da Fonseca. Os militares andam azucrinando desde aquela época.

 

Assim, grande parte dos negros, foram postos na estrada, sem eira e nem beira, oportunidade ímpar para se fazer uma reforma agrária. E a república, comandada pelos fazendeiros, chamou os imigrantes para tocar as lavouras, como uma forma de se vingarem dos negros: chegaram os italianos, os japoneses e outros mais para trabalhar na lavoura.

 

Dentre os italianos, chegaram também os urbanos que se instalaram em São Paulo e fundaram em 1922 o Partido Comunista Brasileiro. Desde aquela época, tem se a mania de conservadores chamar os progressistas de comunistas.

 

Os negros eram tão desprezados que o fundador da Academia Brasileira de Letras era um negro, Machado de Assis, que certa vez foi chamado de mulato, e o detrator foi desbancado por Joaquim Nabuco: "onde se viu chamar o escritor de mulato". E assim os retratos de Machado eram cada vez mais esbranquiçados. Dar inteligência a um negro era uma desfeita.

 

As companhias inglesas que construíam as ferrovias contrataram os negros libertos para fazer o serviço pesado e assim a região Noroeste de São Paulo foi povoada de ferroviários retintos. Essa é a explicação de Araçatuba ter uma escola pública com o nome de Luís Gama, advogado negro, referência dos negros na luta contra o racismo atualmente. Era uma escola cujo prédio beirava a Noroeste do Brasil (NOB). Foi uma lucidez do secretário estadual de Educação da época homenagear os ferroviários.

 

Outro fato interessante. Um quadro de Cândido Portinari, premiado em Nova York, foi recusado por um ministério do governo brasileiro na época porque o pintor brasileiro havia posto negros trabalhando na apanha do café. Este preconceito com os africanos permanece até hoje. Não basta ser tolerante com o racismo, os brancos conscientes dessa aberração precisam ser antirracistas.

 

As lideranças do movimento negro brasileiro preferem comemorar a data do início de sua libertação em 20 de novembro, dia da morte de Zumbi, líder dos quilombos. Pessoas que são contra o Dia da Consciência Negra é gente de bens. Do bem, não é.

 

Comemoremos também 13 de maio, a data dos brancos para a libertação dos negros. Mas lembre-se: para eles a assinatura de Princesa Isabel foi feita a lápis. Estão doidos para apagá-la.

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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