Em um mês os eleitores de Araçatuba vão às urnas – se é que vão, mesmo – escolher o prefeito da cidade para os próximos quatro anos. Da mesma forma, farão com os vereadores, os tais fiscalizadores que terão a obrigação de “zelar” pelo município por igual período. E tudo isso vai acontecer sem que o clima seja ou esteja para disputa eleitoral
Se o pleito tem se mostrado morno até o momento, pode tornar-se um caldeirão efervescente se nos próximos dias e semanas vierem a público tudo que está sendo engendrado nos bastidores. E esse tudo tem como foco os dois candidatos de fato na disputa ao comando da cidade: o prefeito Dilador Borges (PSDB), que tenta a reeleição, e o vereador Cido Saraiva (MDB), que concorre ao Executivo pela primeira vez.
Para quem acompanha o processo eleitoral em Araçatuba este ano sabe perfeitamente bem que, apesar de oito candidatos terem colocado seus nomes em jogo, os dois é que disputam a Prefeitura de fato. Os demais são meros coadjuvantes. Não empolgam e não devem ter votação expressiva no dia 15 de novembro.
Mas os coadjuvantes são o que menos importam, pelo menos aqui, neste texto. O que vale nessa leitura do cenário é uma reflexão fria sobre tudo que está por vir. E o que está por vir pode não ser pouco. Pode alterar rumos. Pode enterrar carreira política. Tanto para um como para o outro.
A expectativa da última hora está na notícia de que a Justiça Federal em Araçatuba recebeu, na semana passada, o relatório final da Operação “TUDONOSSO”, deflagrada em 13 de agosto do ano passado pela Polícia Federal, desmantelando um grupo com indícios requintados de criminalidade que atuava para desviar recursos públicos por meio de contratos firmados por empresas e instituto com a Prefeitura.
Aliados de Cido Saraiva tentam, de todas as formas, ter acesso à documentação e trazer a público qualquer coisa que possa afetar a campanha eleitoral do tucano Dilador. O momento é o do vale-tudo. Sujar o que tem para ser sujado. Escancarar o que tem para ser escancarado. Associar a outrem algo que, pelo menos até aqui, não está comprovadamente associado.
De outro lado, há uma estrutura de campanha que não pretende amaciar para Saraiva. Sua “ficha corrida” é extensa e pelo que a reportagem apurou há cartas nas mangas que podem trazer a público uma faceta talvez não muito conhecida pela população a respeito do concorrente do MDB ao Executivo.
Há sinais de que pessoas chorando podem aparecer em programas de televisão, relatando fatos que Saraiva talvez faça questão de omitir de sua vida política. Não é segredo para ninguém que o emedebista já cumpriu pena por homicídio e que isso pesa e sempre pesará em sua vida. Cumprir pena, no caso de determinados delitos, não é o bastante. A cela de um presídio não guarda para ela o malfeito de qualquer um de seus ilustres hóspedes quando esses voltam a ganhar a liberdade.
Na leitura de aliados políticos, associar Dilador Borges à “TUDONOSSO” é extravasar o desejo de chamá-lo de ladrão. Mesmo que isso não tenha sido provado ou sequer apreciado e decidido pelo judiciário até o momento. Da mesma forma, rebuscar o passado de Cido Saraiva é lembrar de sua condição de assassino, condenado e preso.
Infelizmente, esse é o cenário da política em Araçatuba. Temos uma disputa maquiada, por uma infinidade de despreparados, entre o suposto ladrão e o assassino. São palavras fortes? Claro que sim. Porém, não há como ignorá-las se temos como protagonistas de um embate um gestor que pode, sim, ser associado a um esquema de desfalque aos cofres públicos. Enquanto do outro, temos um homicida, com condenação e pena cumprida, que tenta redimir-se do passado fazendo “o bem” por meio da política.
Triste realidade. Triste cidade. Na sua opinião, eleitor, o que é pior: roubar ou matar?