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ATEMPORAL A ‘BANCA DO DISTINTO’ E SUA LETRA SEMPRE ATUALIZADA

Inebriado pela vaidade e tomado pelo ego, o indivíduo acredita ser superior às demais pessoas e, portanto, inatingível, observa o promotor de Justiça, Adelmo Pinho, na crônica da semana

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A “banca do distinto” é uma canção atemporal da década de 60, que faz crítica ao orgulho, sendo cantada por Elza Soares/Elis Regina e composta por Billy Blanco.

 

Consta da sua letra: “Não fala com pobre. Não dá mão a preto. Não carrega embrulho. Pra que tanta pose, doutor? Pra que esse orgulho?”. É um recado e tanto a muitos.

 

Para a psicanálise, esse comportamento de pseudo superioridade possui explicação na baixa autoestima da pessoa; a arrogância é adquirida e passa a integrar a personalidade do indivíduo.

 

Não necessariamente, mas é comum que ela tenha uma relação estreita com o poder econômico ou político – como exercer um cargo ou uma função de prestígio.

 

A sátira do “primo rico e do primo pobre”, do então programa do saudoso humorista “Chico Anísio” na década de 90 remete a isso. Nela o primo rico humilhava o primo pobre, como se fosse normal ou socialmente aceitável.

 

Foi divulgado recentemente pela mídia, que um desembargador humilhou um guarda civil no município de Santos, porque este lhe aplicou uma multa, por se recusar a usar máscara durante a pandemia da Covid 19.

 

Infelizmente, é assim. Inebriado pela vaidade e tomado pelo ego, o indivíduo acredita ser superior às demais pessoas e, portanto, inatingível.

 

Para o “distinto”, a lei é aplicável somente aos outros. Quem nunca ouviu aquela frase que causa asco e retrata o extremo da arrogância: “Sabe com quem você está falando?”.

 

Esta frase expressa a síndrome da soberba, um “pecado capital”. Houve avanço na legislação brasileira e a conhecida “carteirada” de agentes públicos, para obter vantagem ou privilégio indevido, passou a ser considerada crime pela nova Lei de Abuso de Autoridade (art. 33, da Lei n. 13.869, de 05/09/2019).

 

Epiteto (filósofo grego – 50 d.C) talvez pronunciaria aos arrogantes: “você é uma pobre alma selada em um cadáver”, ou então, diria Fernando Pessoa (poeta português do século XIX): “o homem é um cadáver adiado”.

 

Enfim, a canção em questão contém ótima crítica e, no seu refrão, dá uma resposta àqueles que se julgam seres de uma casta superior: “A vaidade é assim, põe o tonto no alto e retira a escada. Fica por perto esperando sentada. Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão. Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco. Afinal todo mundo é igual, quando o tombo termina com terra em cima e na horizontal”.

 

Adelmo Pinho é promotor de Justiça em Araçatuba (SP).

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)

 

Vale a pena conferir a canção:

 


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