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OPINIÃO ANTROPOCENTRISMO VERSUS TEOCENTRISMO

“Neste mundo de seres imperfeitos, enquanto cada um pensar que é superior ao outro, não haverá evolução”, reflete o promotor de justiça, escritor e articulista, Adelmo Pinho, no artigo desta semana

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O homem é o fim ou destinatário de tudo? O antropocentrismo é uma concepção filosófica que coloca o ser humano como centro do universo.

 

O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci é uma representação dessa ideia, de apresentar o corpo humano com proporções harmônicas e ideais perante o universo. Colocar o ser humano no centro de tudo, além de ser arrogante, afasta a possibilidade do Divino.

 

Para o teocentrismo, Deus é o centro do universo. A pergunta de todo o sempre, é: Deus existe? Penso que, melhor que exigir prova de que Deus realmente exista, é provar que ele não existe. Se cada humano refletisse por um minuto na sua curta existência, daria conta do quanto é insignificante perante a vastidão do universo e do tempo.

 

O que difere o ser humano de uma ameba é a inteligência (racionalidade). Ser inteligente, porém, não significa colocar-se no centro de tudo. Sob a visão da fé, o homem é um “grão de areia” na grande “praia” da Divindade.

 

A efemeridade dos seres vivos é um fato biológico: tudo que vive morre. Grandes reis, profetas, sábios, filósofos, santos e mártires morreram ... Na atualidade, como menciona Yuval Harari, no best-seller internacional Sapiens, alguns bilionários excêntricos investem milhões de dólares, com a pretensão de a ciência tornar o homem imortal. Nada contra a evolução da ciência e do aumento da longevidade, mas a busca da imortalidade é coisa de filme de ficção científica.

 

No “campo da fé”, se o ser humano foi realmente criado à imagem e semelhança do Criador, como prega a doutrina judaico-cristã, terá que progredir muito para chegar lá ... A arrogância humana mostra-se ilimitada e seus atos de crueldade, também: guerras, genocídios, descriminação, são “a bola da vez”.

 

Temos só coisa ruim? Não, certamente. Dou um exemplo atual de boa ação: a ajuda humanitária às vítimas das enchentes no Estado do Rio Grande do Sul, é uma demonstração de esperança e humanização. Mas, mesmo nesse caso, certamente houve a ação/omissão humana que gerou essa catástrofe, já que a natureza responde na proporção em que é provocada.

 

Enfim, neste mundo de seres imperfeitos, enquanto cada um pensar que é superior ao outro, não haverá evolução.

 

Enquanto o “ter” for mais prestigiado que o “ser”, não haverá progresso moral.

 

Enquanto perdurar a insensibilidade e a indiferença, diante de tantas desgraças e vidas inocentes tiradas, abala-se a esperança de um futuro melhor para a humanidade.

 

Como já dito: “O homem é o lobo do homem”.

 

Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba (SP), articulista e escritor

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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