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INSUBORDINADO O ANJO PORTUGUÊS: ARISTIDES DE SOUZA MENDES

Na recente crônica o promotor de justiça, Adelmo Pinho, aborda os traços que delineia o herói moderno, sem capa ou apegos nacionalistas na coluna Reflexões

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Aristides de Sousa Mendes foi o diplomata português. Em 1938, nas vésperas do início da Segunda Guerra Mundial, foi nomeado cônsul na França, pelo então ditador, Antônio de Oliveira Salazar, Presidente de Portugal.

 

Esta era uma nação neutra à época, tendo Salazar determinado a todos os diplomatas portugueses na Europa, a suspensão de vistos a refugiados judeus, russos e apátridas, perseguidos pelo regime nazista.

 

Em 1940, os nazistas invadiram a França e dezenas de milhares de judeus tentaram fugir do país, mas para cruzar a fronteira precisavam de vistos da Espanha e de Portugal.

 

Os judeus, então, foram ao consulado português em Bordeaux, na França, na tentativa de obter vistos, mas estes estavam proibidos por Salazar.

 

Aristides, cônsul, era advogado por formação, católico praticante e considerou a norma portuguesa racista e desumana. Assim, tomou a lúcida decisão: iria emitir vistos sem distinção de raça ou religião, mesmo contrariando a determinação do governo do seu país.

 

Consta da história, que enquanto os nazistas dominavam a cidade, o iluminado cônsul e sua equipe trabalharam sem parar durante vários dias, até a exaustão, emitindo cerca de 30 mil vistos, salvando a vida de milhares de judeus do extermínio nazista.

 

Pasmem: em razão disso, Aristides foi exonerado do cargo e da diplomacia pelo governo de Portugal, passando por sérias dificuldades profissionais, financeiras e pessoais, até o seu falecimento.

 

Chama à atenção, ainda, que a “arma” do denodado cônsul para salvar tantas vidas do Holocausto, foi a coragem, um carimbo de borracha e a sua assinatura.

 

Foi a maior operação de resgate realizada por um único indivíduo durante o Holocausto.

 

Como sói acontecer, somente em 1966, houve o primeiro reconhecimento público póstumo a Aristides, no memorial do Holocausto em Jerusalém, com o título de “Justo Entre as Nações”.

 

Aristides, sem dúvida, foi um herói, quiçá, um anjo. Deixou um legado de ética e de solidariedade, ao salvar milhares de vidas e enfrentar o nazismo, usando inteligência e diplomacia.

 

Pode ser considerado um herói moderno e diferente, sem capa ou apego ao nacionalismo.

 

O filme, “O Cônsul de Bordéus”, foi baseado na história dele. Fica, assim, a mensagem atemporal de Aristides à humanidade: neutralidade não significa indiferença. 

 

Adelmo Pinho é promotor de Justiça em Araçatuba (SP)

 

(Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação)


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