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ECONOMIA 'A guerra civil do crime e a sangria inoperante do Estado'
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A guerra civil do crime e a sangria inoperante do Estado O ano novo começou com velhos e assustadores gargalhos envolvendo a segurança pública. Em menos de dez dias, uma verdadeira matança indiscriminada assolou o sistema prisional da Região Norte, dando inveja a folhetins televisivos como Supermax e Oz.

As dezenas de mortes, com requintes cruéis, expõem ao mundo mais uma das faces inoperantes do governo brasileiro e seus Estados e cidades. Nunca se prendeu tanto como no Brasil, e nunca o fracasso punitivo e prisional esteve tão sujeito a criticas e temores de que o cano da carceragem sem lei despeje dejetos de pânicos nas ruas. Há quem comemore as mortes de presos.

Há quem se atropele em palavras infelizes. Há quem tome proveito político. E quase todos não sabem por onde começar a discutir o assunto, afinal o poder paralelo do crime se organizou de forma que qualquer movimento teoricamente civilizado seja literalmente atropelado por balas, ameaças e terror em geral.

Em primeiro lugar é preciso sim lamentar os ocorridos. Usar a máxima simplista "de bandido bom é bandido morto" só faz propagar a carnificina intelectual defecada por mídias sanguinárias e autoridades ditatoriais. Sabemos muito bem que os mandatários, os bandidos "bons de desmandos", ficam impermeáveis ao banho de sangue derramado nas ruas, nas cadeias e em todos os cantos. A lei não chega a quem está no topo da podridão toda. E isso ceifa de nós policiais, profissionais, homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos.

Ao lamentar as chacinas recentes e tantos outros atentados, é inaceitável que diga isso é defender bandido. Quem está na cadeia é porque, em tese, precisa ser punido pelo que fez. Pela Carta Magna desta nação, a União tem por dever punir os criminosos e conduzir sua ressocialização. Hoje as cadeias são verdadeiras escolas de crime perfeito, com seus amontoados e fortaleza que deixa passar tudo de ruim, de celulares a planos nefastos.

Os assassinatos em série mostram o quão as siglas criminais têm poder paralelo e "sambam na cara" dos Poderes exigindo regalias. É a lógica do "ou cede, ou desce".

O Brasil prende demais e prende errado. Junta quem atrasa pensão com serial killer. Amontoa tudo em uma perfeita bomba relógio. Pena de morte resolveria o problema? Com tantas desventuras penais, é no mínimo incoerente pensar que haveria uma seleção "justa e severa" de quem iria para a degola ou não. Redução da maioridade penal? Jogar criança e adolescente em celas de pós-graduação em banditismo resolve alguma coisa? Dá sensação de paz e temor? Inocência!

O assunto segurança pública precisa discutido com maturidade e união. Medidas populistas e de remediação não resolvem nada. Ao contrário. É preciso fazer um plano ousado de respeito à dignidade humana desde a sua concepção, passando por discussões amplas entre poderes e organizações com a sociedade civil.

O cerne da questão não pode ser tratado com olhos vorazes de sangue. Talvez se a máxima de Darcy Ribeiro fosse colocada em prática (construir escolas para não aumentar as prisões) não estaríamos aqui sem saber até quando estaremos vivos e sem saber o calibre do perigo.

Cláudio Henrique é jornalista e estudante de História
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