Um dos sobreviventes da tragédia que atingiu a cidade de Brumadinho (MG), após o rompimento da mineradora Vale, o engenheiro elétrico Rawgleison Batista Amaral, de 32 anos, morador de Birigui, afirmou ao site Araçatuba e Região que não acreditava que sairia vivo do desastre ocorrido na última sexta-feira (25).
Ele falou com a reportagem, por telefone, na noite deste sábado (26), enquanto preparava sua volta para casa. Hawgleison deve desembarcar em Araçatuba neste domingo (27) e depois segue para Birigui, onde irá encontrar a família – esposa e filho de 5 anos.
De acordo com o engenheiro, que integra uma equipe terceirizada que presta serviços de elétrica, eles chegaram em Belo Horizonte (MG), na quarta-feira passada (23), e no dia seguinte seguiram para a mineradora onde iam trabalhar na instalação de um sistema de sinalização do ramal ferroviário usado no transporte de minério. “Na Vale íamos ficar até segunda-feira (28). Iniciamos o serviço e trabalharíamos direto. Mas, infelizmente ocorreu toda essa tragédia”, completou.
Rawgleison falou que esta foi a primeira vez que esteve em área cercada por barragens. Não tinha nem ideia de como era o local e a dinâmica de serviços naquela região. Por conta disso, ela afirma que não estaria vivo se não tivesse recebido ajuda para fugir do mar de lama que se formou após o rompimento da barragem.
O engenheiro também atribui sua sobrevivência ao horário do almoço e o fato de estar do lado de fora do refeitório que, segundo ele estava cheio de funcionários e foi completamente destruído pelo lamaçal. Ele afirma que, se estivesse no local onde executava serviço para o qual foi contratado, não teria escapado da morte.
“Não tocou nenhuma sirene, ouvimos apenas um chiado e, alguém gritou que a barragem tinha estourado. Todos começaram a correr. Atrás de nós víamos apenas tudo sendo arrastado”, descreveu assim a cena de terror.
AVISO A FAMÍLIA ANTES DO NOTICIÁRIO
Rawgleison contou a site Araçatuba e Região que não sabe mensurar que distância correu, nem por quanto tempo, até ser salvo por uma caminhonete que parou e o resgatou da avalanche de lama. Ele afirmou que sua principal preocupação, ao perceber o tamanho da tragédia e que já estava em um local fora de perigo foi de avisar a família sobre o ocorrido antes que ela soubesse do desastre por noticiário de televisão ou internet uma vez que de imediato começaram a circular vídeos sobre o ocorrido em redes sociais.
O engenheiro de Birigui encerrou a conversa com a reportagem do Araçatuba e Região falando de sua expectativa de reencontrar seus familiares, em especial a espessa e o filho de cinco anos neste domingo.
“Embora todos saibam que estou bem, a nossa ansiedade é grande para esse reencontro. Deus foi muito bom e eu tive essa oportunidade”, disse.