O mês de janeiro terminou com uma disputa interessante na política de Araçatuba. Enquetes realizadas por três sites de notícias mobilizaram grupos nas últimas semanas e fizeram com que eleitores, simpatizantes e críticos levassem à internet, por meio de redes sociais, comentários e opiniões das mais distintas.
Pena que enquete, que não passa de uma consulta – como se qualquer um de nós perguntássemos a uma pessoa se ela escolheria “melancia ou jabuticaba” como fruta que gostaria de comer – não tem efeito algum para medir a realidade, o que de fato pensa todo o eleitorado de uma cidade.
Com 150.846 eleitores registrados segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) – conforme dados contabilizados até o final de dezembro de 2019 e disponibilizados no site do órgão – Araçatuba tem hoje 8 pretensos candidatos à Prefeitura para as eleições de 04 de outubro.
Entre os nomes que se colocam à disposição do eleitorado, há 01 prefeito em exercício de mandato; 02 ex-prefeitos; 01 vereador; 01 ex-vereador; 01 médico; 01 empresário/funcionário público e 01 líder comunitário. Todos eles, até a chegada das datas finais para convenções partidárias e registros de candidaturas, vão fazer de tudo um pouco para mostrar à sociedade, e de forma bastante pessoal, que são ótimas opções para governar Araçatuba pelos próximos quatro anos.
É justamente nessa mobilização pré-eleitoral que mora o perigo. Principalmente, pelo fato de os próprios “concorrentes” visualizarem de forma errada os resultados mostrados pelas enquetes que pipocam pela cidade.
Pelo universo de eleitores em condições de votar em Araçatuba segundo o TSE, juntando todos os internautas que participaram das três enquetes até este domingo (02) – sem levarmos em consideração a possibilidade de uma mesma pessoa usar mais de um computador, mais de um telefone celular ou mais de um navegador de internet para participar dessas sondagens –, a somatória corresponde a 5,94% do eleitorado araçatubense, ou 8.960 pessoas para quem preferir.
E na somatória de votos e seus respectivos percentuais, o que se vê é uma discrepância descomunal entre uma enquete e outra. Na primeira sondagem realizada, o atual prefeito da cidade lidera com a “corrida eleitoral”. Nas duas outras, o então terceiro colocado é quem aparece à frente nas consultas.
Não fosse a discrepância de “votos” dados a uma mesma pessoa nas referidas enquetes, até poderíamos, com muito esforço, acreditar numa boa fé de seus votantes. Só que, tendo a certeza absoluta de que tudo é possível em tempos de tecnologia avançada, não podemos ignorar o fato de que uma mesma pessoa pode opinar mais de uma vez em um mesmo levantamento usando as ferramentas que a rede mundial de computadores oferece para isso.
Em miúdos, o eleitorado precisa saber e entender que enquete é algo facilmente manipulável e apresenta resultados de acordo com a mobilização dos candidatos. Prova disso é que nas três sondagens feitas em Araçatuba, um mesmo nome aparece com 13% das intenções de voto, 28% da preferência da população e, acreditem se quiser, 64% no terceiro apontamento. É a comprovação de que enquetes não refletem realidade; são passíveis de manipulação e podem apresentar resultados que configuram verdadeiras aberrações.
Só que tudo isso faz parte do jogo, apesar de as regras da Justiça Eleitoral brasileira deixarem evidente que enquete não tem valor científico, não possui metodologia de cálculo, não serve, em resumo, para nada. A não ser o uso por parte de candidatos e aliados, para lavagem cerebral de eleitores que se deixam levar pelas cantilenas típicas da política, pelas promessas que, como acontece em todo pleito, não serão cumpridas; e, principalmente, a tal da honestidade que tanto cega determinados segmentos do eleitorado.
Daí a razão de se afirmar que, votar em enquete, é exatamente a mesma coisa que ficar entre a escolha de melancia e jabuticaba no momento de saciar a vontade de saborear uma fruta.