O que tinha tudo para terminar em tragédia para uma família de Araçatuba, na manhã desta terça-feira (30), ao final, não passou de um grande susto graças a uma educadora de creche que salvou a vida de um bebê que se engasgou quando se alimentava na Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Professor Joaquim Fernandes, no Jardim TV.
Os protagonistas da história são o pequeno Heitor e a educadora Sílvia Cristina Oliveira dos Santos. Ele com apenas oito meses de vida. Ela, com 53 anos de idade sendo 25 deles dedicados ao trabalho na área da educação.
Sílvia Cristina salvou Heitor da morte com habilidade e técnica, após o menino se engasgar no momento em que se alimentava junto com outras crianças. Gripado e com secreção no aparelho respiratório, Heitor perdeu a respiração, começou a ficar roxo e travou uma batalha de, pelo menos, quatro minutos, com batidinhas nas constas e massagens na região do diafragma, até conseguir vomitar, tossir e voltar a respirar.
“Foi a primeira vez que lidei com uma experiência como essa, apesar de já ter presenciado casos em que outras crianças se engasgaram mas elas mesmas retomaram a respiração sem a necessidade de qualquer tipo de intervenção mais aprofundada, como aconteceu neste caso”, conta a educadora.
Primeira experiência traumática também vivenciada pela mãe Ane Caroline Ramos, de 27 anos, que ficou sabendo do ocorrido pelo telefone, ao receber uma ligação do marido, e que só encontrou alívio ao ver que o filho de fato estava bem, quando se reencontraram na Santa Casa, para onde Heitor foi levado e submetido a exames após todo susto.
“Foi ela quem salvou a vida dele. Se não fizesse todos os procedimentos de socorro, poderia estar sem meu filho nesse momento. Mas graças a Deus ele saiu da Santa Casa sorrindo e está bem depois de tudo que passamos”, revela a mãe.
COMO ACONTECEU
Em entrevista ao 018 News, a educadora Sílvia Cristina disse que junto com uma colega de trabalho dava almoço para as crianças da creche, onde são acolhidos desde pequenos até no máximo seis anos de idade, quando Heitor, que está fortemente gripado, foi tentar tossir e se engasgou com a comida que ainda tinha na boca.
“Uma colega estava dando almoço pra ele. Daí eu ouvi: Ai, socorro. Eu acho que o Heitor está se engasgando”, conta a educadora. “Rapidamente nós o retiramos da cadeira onde estava sentado e comecei a fazer as manobras que aprendi nas palestras e curso que fiz ao longo de todos estes anos de profissão”.
A manobra em questão se chama Heimlich, e consiste em alternar tapas com o “calcanhar” de uma das mãos nas costas do bebê, com a cabeça inclinada para baixo e a boca aberta, e massagear a região do peito, com a criança virada de barriga para cima.
“Quando comecei a fazer esta manobra, eu estava bem tranquila. Mas o tempo foi passando e fui vendo que ele não retomava a respiração. Pedi que os colegas chamassem o Corpo de Bombeiros e fui insistindo. Foram uns quatro minutos assim, pelo que consigo calcular. Até que ele vomitou e começou a tossir”, conta Silvia Cristina. “Nessa hora eu já estava tremendo, mas procurando manter a concentração e a confiança, apesar de ver que o bebê estava ficando cada vez mais roxo. Foi um alívio sem tamanho. Depois que conseguiu vomitar e tossir, ele começou a chorar. Foi quando tive a certeza que tinha retomado a respiração”.
A vida do pequeno Heitor foi salva pelas mãos de Sílvia Cristina, com o apoio que recebeu de colegas de trabalho, antes da chegada dos Bombeiros à creche localizada no Jardim TV. Os profissionais, ao chegarem à unidade escolar, levaram o menino e a educadora até a Santa Casa, para que fosse atendido.
“Passamos por um momento de muita tensão. Acompanhei tudo que aconteceu e ficamos com o Heitor, a educadora e os familiares dele na emergência da Santa Casa até por volta das 14h, quando recebeu alta médica e foi liberado pra voltar pra casa”, conta a diretora da escola, Oneide Pereira da Silva.
Ela é responsável pela administração da escola que recebe no Jardim TV cerca de 200 crianças com idade até seis anos. “Trabalhamos com berçário. São bebês e crianças muito pequenas. Procuramos tomar todos os cuidados possíveis, mas tem coisas que ocorrem e nos pegam de surpresa. Foi um momento de tensão, mas que terminou bem”, diz a diretora.
IRMÃOS NA MESMA CRECHE
O pequeno Heitor, que mora com a família no bairro Dona Amélia, não fica na escola professor Joaquim Fernandes sozinho. O irmão Arthur, de dois anos, também é cuidado por profissionais da creche no período em que os pais trabalham.
“Temos muita confiança nos funcionários de lá, pois cuidam bem das crianças. Meu filho foi salvo de algo que poderia ter sido pior. Agora ele está bem”, diz a mãe de Heitor. (Ane segura o filho no colo na foto acima)
De acordo com ela, na Santa Casa, ele passou por exame de raio X e foi submetido a três inalações, com intervalos de 20 minutos entre uma e outra. “Agora ele vai tomar medicação por sete dias, pois foi detectada uma manchinha no pulmão, que não dá pra saber se ele já estava ou se foi decorrente do que aconteceu. Mas está tudo bem”, conta Ane Caroline, aliviada.