A Câmara de Araçatuba definiu, nesta quinta-feira (11), os três vereadores que vão compor comissão instituída pela Casa, por meio de projeto de Resolução aprovado na sessão da última segunda-feira (08), para estudar e avaliar a coexistência de animais domésticos, domesticados, silvestres, nativos e exóticos com os seres humanos no município. Caberá aos parlamentares Boatto (MDB), autor da proposta; Regininha (Avante) e Evandro Molina (PP) traçarem um panorama de quantos são, onde e como vivem os animais em Araçatuba. O estudo tem como finalidade principal resultar na elaboração de políticas públicas que venham atender necessidades dos bichos, sejam eles cães, gatos, cavalos, periquitos, pombas, iguanas e, por que não, serpentes e demais exemplares da fauna.
JUSTIFICA O AUTOR
“Nós precisamos discutir profundamente e com seriedade temas bastante polêmicos, como superpopulação de cães e gatos. A venda indiscriminada de animais. O uso de carroças e outros. Essa comissão tem o objetivo de levantar todos esses tópicos e promover reuniões abertas à população, sempre visando coletar o maior número de detalhes e números, para que o relatório final forme um panorama e contenha sugestões e caminhos. Isso que é o importante. Tudo com o intuito de estabelecer, então, em vários aspectos, condições de respeito, bem-estar e convivência saudável com os animais em Araçatuba”, justificou Boatto ao falar da criação da comissão.
DEU PITI…
A criação da comissão proposta por Boatto deveria ter sido aprovada pelo plenário de forma rápida e rasteira, por se tratar de um assunto tecnicamente simples e de interesse da população. No entanto, o fato de a Câmara ter mais de um vereador que carrega a causa animal como bandeira de trabalho, fez com que a discussão terminasse em barulho. A vereadora Cristina Munhoz (PSL), literalmente, deu piti em plena transmissão on-line da sessão porque queria que uma outra proposta, de sua autoria, também destinada à criação de comissão para acompanhar a situação dos bichinhos que vivem em Araçatuba, fosse apreciada pelo plenário à frente da que fora proposta por Boato.
“EU DEI NO SEU…” X “O SENHOR NÃO DEU NO MEU”
Desnecessariamente, a vereadora Cristina Munhoz, curiosamente eleita pelo partido que elegeu o negacionista presidente Jair Bolsonaro, acabou dando um showzinho de destempero parecido com o que o hóspede atual do Palácio do Planalto costuma dar quando contrariado. Isso, porque a proposta de criação de comissão da parlamentar acabou não entrando na pauta de votação. Ela acusou Boatto, que integra uma das diversas comissões permanentes da Câmara pelas quais determinados projetos precisam passar para receberem pareceres antes de irem a votação, de segurar seu projeto propositalmente, numa manobra de ultrapassagem de proposituras. Isso gerou verbalizações quase que pornográficas por parte de Cristina, como “Eu dei primeiro no seu…” (parecer favorável ao projeto) e “O senhor não deu no meu…” (parecer com a mesma finalidade). Enfim, um falatório incabível.
‘MÁS INFLUÊNCIAS’
Em miúdos, o que vê na Câmara de Araçatuba é que a causa animal tende a transformar o plenário da Casa num rinque de batalha. Cristina Munhoz e Boatto ou vão se pegar a tapas no decorrer do mandato ou terão de entrar em um acordo para que cada um faça o seu trabalho da melhor maneira. Não é de forma destemperada que Cristina alcançará seus objetivos. Muito menos com insinuações como a que também fez durante a sessão, de que Boatto exerce a vereança sob “más influências”. Conhecendo o meio político e um pouco de quem faz ou deixa fazer pelos animais abandonados e mal tratados de Araçatuba, pode pensar que a parlamentar tenha falado do ex-vereador Rosaldo de Oliveira, um ativista aliado de Boatto que comanda entidade de proteção “adversária” à que Cristina integra. Se continuar por este caminho de destempero, a parlamentar pode ter muito mais a perder do que ganhar em sua estreia como vereadora.
