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Com esquema especial de segurança e distribuição de senhas para acesso ao Fórum local, a Justiça de Araçatuba leva a Júri Popular, nesta quarta-feira (07), o policial militar Vinícius Oliveira Coradim Alcântara, 22 anos. Ele é réu confesso do disparo de arma de fogo que tirou a vida do estudante Diogo Belentani, 21 anos, numa chácara localizada na rua Baguaçu, em 15 de julho de 2018.
O PM, que desde o ano passado está detido no presídio Romão Gomes, em São Paulo, responderá no julgamento pelos crimes de homicídio, tiro aleatório de arma de fogo e fraude processual, podendo ser condenado a pena de até 38 anos de prisão.
O julgamento está marcado para começar às 9h desta quarta-feira. A vítima do crime era filho do coronel aposentado da Polícia Militar, Armando Belentani Filho, ex-comandante do CPI-10 (Comando de Policiamento do Interior).
De acordo com o Cartório do Júri, do Fórum de Araçatuba, o promotor Adelmo Pinho, como autor da acusação contra o policial militar, arrolou para o dia do julgamento cinco testemunhas. Mesma quantia relacionada pela defesa de Coradim Alcântara, para serem ouvidas em plenário. Os trabalhos serão conduzidos pelo juiz Henrique de Castilho Jacinto, da 1ª Vara de Execuções Criminais. O policial militar também será ouvido durante o julgamento.
Por se tratar de um caso que gerou repercussão, envolvendo um policial militar e o filho de um coronel, o júri popular terá algumas regras a serem seguidas. O magistrado responsável pela condução dos trabalhos vai permitir o acesso da imprensa e o registro de algumas imagens, desde que não sejam mostrados o réu e também as sete pessoas da sociedade local sorteadas pela Justiça para julgarem o caso.
No mês de outubro, a Justiça fez o sorteio de 25 pessoas com potencial para atuar como titulares e outras 25 na condição de suplentes. Desse total sairão sete representantes da população araçatubense, entre homens e mulheres, que decidirão sobre o caso conforme as teses de acusação que serão apresentadas pelo Ministério Público, na pessoa do promotor Adelmo Pinho, e de defesa, por parte dos advogados de Coradim Alcântara.
“É um júri que, pelas condições dos envolvidos, se diferencia dos demais que já passaram pelo Fórum de Araçatuba. Por isso, a necessidade de se ter uma organização, com medidas definidas pelo juiz responsável pelo caso. A expectativa é de que seja um julgamento mais demorado e que a sentença seja proferida na noite desta quarta-feira. Tudo dependerá do que for ocorrendo no tribunal”, explica Adelmo Pinho, promotor responsável pela pronúncia do réu pela prática de três crimes, conforme registrado no processo.
COMO ACONTECEU
O estudante Diogo Belentani foi morto com um tiro no peito em 15 de julho de 2017, no início da noite, após ter passado a tarde daquele dia na chácara dos avós de Coradim Alcântara, na rua Baguaçu.
O policial e o estudante, conforme apurou o Ministério Público e indicaram as investigações policiais, acabaram discutindo por causa de uma garota que mantinha um relacionamento amoroso com o acusado e a vítima, de forma simultânea e sem que ambos soubessem.
Conforme o promotor Adelmo Pinho, as informações e relatos do próprio réu obtidos durante todo procedimento de instrução processual deixaram claro que na data do crime o policial militar, em um determinado momento do dia, usou sua arma de serviço para efetuar um disparo aleatoriamente na chácara onde os dois estavam. À noite, Coradim Alcântara veio a atirar contra o estudante, após uma discussão, e posteriormente fraudar a cena do crime, colocando a arma na mão da vítima, enquanto ainda estava no chão e antes mesmo de receber qualquer tipo de socorro.
Mesmo alegando não ter tido a intenção de matar Diogo Belentani – tese usada pela defesa para desqualificar a ação do réu –, o policial militar disse em depoimento que sua arma estava nas mãos do estudante e que após retirá-la da vítima, ele se colocou em posição de tiro. No entanto, o disparo, neste momento, teria ocorrido acidentalmente.
No entendimento do promotor, o réu quis matar a vítima e isso está provado nos autos processuais. Para Adelmo Pinho, as alegações apresentadas pelo policial militar e seus advogados “caíram por terra”.
Posicionamento que não é aceito por familiares de Coradim Alcântara. Principalmente por sua mãe, Érica Souza Oliveira, que, em entrevista ao Araçatuba e Região, em agosto deste ano, rebateu informações divulgadas pela imprensa de Araçatuba desde a data do crime.