Araçatuba
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INCENTIVO CR DE ARAÇATUBA PROMOVE 1ª JORNADA LITERÁRIA AOS REEDUCANDOS

Teatro, palestras, rodas de conversa e videoconferências marcaram o evento

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O CR (Centro de Ressocialização) de Araçatuba recebeu a 1ª Jornada Literária da unidade prisional. Sob o tema “Cadeia: sociedade, educação e leitura. É possível?”, o projeto visa despertar, incentivar e difundir o hábito da leitura entre os reeducandos.

 

Os idealizadores do evento, os professores Clewerson Willian Lima Santos e Maria Palmira Minholi Dias, da escola vinculadora E.E. Joaquim Cândido, explicaram que a ideia da ação foi de proporcionar caminhos lúdicos que levam à compreensão de mundo, novos conhecimentos, interação entre disciplinas e integração entre as turmas de estudantes.

 

A jornada ocorreu nos dias 3, 4 e 5 de novembro de 2021, na área de convivência do CR de Araçatuba, no horário previsto de aulas, mas a ação só se tornou pública recentemente.

 

Durante o encontro foram realizados debates, palestras, exibição de videoconferências gravadas sobre o tema, roda de conversa, intervenções artísticas e divulgação do livro de contos “O Propósito de Piegas”, produzido pelo reeducando Adenilson Almeida de Souza.

 

A atividade também proporcionou aos participantes conhecerem as ações de incentivo à leitura propostas pela Secretaria de Educação e Secretaria da Administração Penitenciária, por intermédio da Funap (Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel”).

 

EVENTO

Abriram a jornada a coordenadora pedagógica da Escola Vinculadora, Fabiana Sônego e o professor Santos, que fizeram palestra sobre o tema do evento.

 

No dia seguinte, os reeducandos assistiram ao vídeo “Por que ler é tão importante quanto trabalhar e estudar?”, com participação do juiz corregedor da comarca de Joinville/Santa Catarina, João Marcos Buch.

 

Depois, eles assistiram ao vídeo “Sessão de Biblioterapia: O poder transformador da leitura”, produzido pelo Observatório do Livro e da Leitura, mediado por Galeno Amorim.

 

O vídeo conta a história da reeducanda Karen, de 23 anos, condenada a 21 anos e 7 meses de prisão por assalto à mão armada. No cárcere, ela teve contato com os livros e se encantou: leu até agora 35 obras, concluiu o ensino médio, fez crochê, bordado, cursinho preparatório para o Enem e agora deseja estudar para ser médica.

 

Karen estava presente na live, juntamente com a coordenadora da biblioteca prisional Farol do Saber, Mary Monteiro, que é também idealizadora do programa Leitura nas Entrelinhas do Cárcere, e a professora de matemática do CR, Maria Palmira Minholi Dias, que criou o projeto Semeando Literatura.

 

No último dia do encontro, a professora Maria Palmira também ministrou palestra sobre “As consequências de um clube de leitura”, e, logo após, um reeducando leu o conto “Contando o causo – Não vi, só ouvi falar”, da obra “O Propósito de Piegas”.

 

A atividade foi mediada pela professora Maria Adriana Silva, pós doutora pela Universidade de Aveiro em Portugal, a qual abordou a construção do livro, o processo de escrita vivido pelo autor reeducando e a revisão final dos escritos originais feitos por ela.

 

Ao final, foi aberto espaço para dúvidas, observações, depoimentos e para a intervenção teatral “Seu Silveira”, inspirada em um dos contos escritos pelo reeducando Adenilson.

 

Maria Adriana afirmou que a obra no geral mostra um lado literário e regionalista, deixando registrado que servirá de tema para um próximo artigo científico, o qual ela publicará em parceria com a universidade de Portugal.

 

FEEDBACK

Os reeducandos fizeram questão de elogiar as ações: “Mesmo com a idade que tenho, acredito que poderei levar um suporte bem melhor ao meu filho de 11 anos, aos meus outros filhos que não gostam muito de ler e a meus netos” (A.D.);

 

A leitura ultrapassa barreiras, e não existe muralhas e grades que possam impedir.” (C.F);

 

Tenho certeza de que os clubes de leitura ajudam muito no processo de ressocialização e será um alívio, psicologicamente falando, além de ajudar na formação de pessoas melhores e de cidadãos com consciência do seu papel na sociedade. ” (D.W);

 

A leitura tira todos os pensamentos negativos de uma pessoa, principalmente em um detento que chega a um presídio, mas com o clube de leitura ele começa a pensar no seu futuro” (CWS);

 

Estar em programas de leitura é ter alguém que acredita em nós e que somos capazes” (G.M).


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