A Polícia Civil de Santos, por meio do Deinter (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior) 6, deflagrou nesta quarta-feira (5) mais uma fase da Operação Raio-X, iniciada pelo Deinter 10, de Araçatuba e o Ministério Público Estadual.
Os policiais civis de Santos deram início nas primeiras horas da manhã ao cumprimento de 34 mandados de busca e apreensão domiciliar nas regiões de Araçatuba, Bauru, Baixada Santista, São Paulo e Presidente Prudente. Os endereços investigados são relacionados ao ex-governador de São Paulo, Márcio França, segundo a Folha de São Paulo.
O irmão do ex-governador, o médico Cláudio França, seria alvo da operação. A polícia também investiga o suposto envolvimento de Márcio França no esquema.
ENTENDA O ESQUEMA
A polícia de Santos também confirmou à reportagem do site sbtinterior.com que não há ordens de prisão cautelar nesta fase da operação.
Segundo a polícia, membros da organização criminosa são suspeitos de desviar dos cofres públicos aproximadamente R$ 500 milhões, valores estes que seriam destinados para investimentos nos departamentos municipais de saúde de vários municípios brasileiros.
A “Operação Raio-X” foi deflagrada em 29 de setembro do ano passado, na região de Araçatuba, para desmantelar um grupo criminoso especializado em desviar dinheiro destinado à saúde mediante celebração de contratos de gestão entre municípios e Organizações Sociais.
De acordo com o Ministério Público, o grupo teria cometido os crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e falsidade ideológica. Na ocasião, pelo menos 50 pessoas foram presas.
A investigação, que conta com Inquéritos Policiais instaurados junto às comarcas de Penápolis e Birigui, teve a duração de aproximadamente dois anos, período este em que foi desvendado um gigantesco e sofisticado esquema de corrupção envolvendo agentes públicos e o desvio de milhões de reais em prejuízo da saúde.
Conforme o Ministério Público, a organização era liderada pelo médico Cleudson Garcia Montali, que por meio de suas organizações sociais (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu), celebrou contratos de gestão mediante licitações fraudulentas com o poder público para administrar a saúde de diversos municípios e desviou parte do dinheiro repassado por força do contrato de gestão às OSs.
Em 2017, França participou de um jantar, em Birigui, oferecido por Cleudson, que foi condenado a 104 anos de prisão por uma série de irregularidades em contratos de equipamentos de saúde em 27 cidades. Ele também foi condenado a ressarcir os cofres públicos em R$ 947 mil.
Até agora, nas cinco fases da Operação Raio-X foram feitas prisões e buscas em municípios do estado de São Paulo e dos estados do Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A polícia também apreendeu 20 veículos, três aeronaves e R$ 1,2 milhão em dinheiro.
Foram os computadores apreendidos que identificaram a suposta ligação da família França no esquema.
OUTRO LADO
Nas redes sociais, Márcio França se manifestou e afirmou que a operação é política. Leia o post na íntegra:
"Começaram as eleições 2022. 1ª Operação Política
Não há outro nome para uma trapalhada, por falsas alegações, que determinadas ‘autoridades’, com ‘medo de perder as eleições’, tenham produzido os fatos ocorridos nesta manhã em minha casa.
Toda operação policial tem nome!
Essa é uma operação política e não policial.
Ela é, evidentemente, de cunho político eleitoral.
Não tenho ou tive qualquer relação comercial ou advocatícia com as pessoas jurídicas e físicas que são alvo da investigação.
É lamentável que se comece uma eleição para o Governo de São Paulo com estas cenas de abuso de poder político.
Já venho há tempos alertando que um grupo criminoso em São Paulo tenta me impedir de expressar a verdade. Sabem que não compactuo com eles, que querem tomar conta do Estado de São Paulo. Se depender de mim, não vão conseguir.
Eu não sou alvo de nenhuma operação, pois sou advogado particular, não tenho relações nem vínculo com serviços públicos. Não tenho relação com a área médica ou de saúde.
Tenho 40 anos de vida pública, não respondo a nenhum processo criminal.
Só deixarei de ser governador de São Paulo se o povo paulista não quiser.
Não tenho medo de ameaças ou de chantagem. Em 40 anos de vida pública, já fui muitas vezes difamado e injustiçado, nunca condenado.
Aliás, já enfrentei adversários muito mais qualificados. Não vão ser os meus atuais concorrentes, notórios mentirosos, que me farão recuar".