A Justiça de Araçatuba condenou nesta quarta-feira (03), a penas que somadas chegam a 28 anos e 4 meses de prisão, os responsáveis pelo assassinato do mestre de capoeira Everaldo Aparecido Cardoso Martins, de 45 anos. O crime ocorreu em 13 de maio de 2019, em frente a uma residência do bairro Lago Azul.
De acordo com denúncia apresentada pelo promotor criminal Adelmo Pinho, uma multa de trânsito teria motivado o assassinato. Donavan Douglas dos Santos Oliveira, de 27 anos, e seu comparsa, Felipe Lima de Sá, de 24 anos, mataram o capoeirista a tiros após cobrarem dele o pagamento de infração cometida na condução de um automóvel repassado na compra da casa onde a vítima morava.
Donavan teria recebido de Everaldo um automóvel Gol, registrado em nome de uma terceira pessoa, já com a infração de trânsito. No entanto, os dois acabaram entrando em discussão pelo fato de a casa envolvida na transação também ter em aberto uma dívida por consumo de água.
Everaldo, conforme a denúncia apresentada pelo MP, por causa da conta de água atrasada, se recusava a entregar a Donavan o recibo de compra e venda do automóvel. No período de conflito com o capoeirista, o condenado passou a ser cobrado por uma multa recebida pelo capoeirista, referente ao período em que ficou com posse do carro.
Para o representante do MP, o assassinato foi premeditado. Conforme provas levantadas pela Polícia Civil, no dia do crime, Donavan teria combinado com Everaldo que iria até a residência para pagar uma parte da conta de água. No entanto, ele chegou ao local acompanhado de Felipe, que foi o responsável pelos dois primeiros tiros disparados contra o capoeirista.
Assim que a dupla chegou à residência, Donavan chamou por Everaldo. Assim que ele chegou até a rua, onde era esperado, Felipe usou o revólver que carregava para atirar duas vezes contra a vítima. Na sequência, o “dono” do carro pegou a arma e atirou mais duas vezes contra o capoeirista.
Everaldo foi encontrado caído, sobre a guia e com as pernas na rua de terra, pela própria filha, uma adolescente de 17 anos que dormia no interior da casa e acordou com o barulho dos disparos. A dupla, condenada nesta quarta-feira, fugiu do local logo após efetuarem os tiros. Uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a ir até o local, mas o capoeirista já estava morto, com tiros que o atingiram em um dos braços, duas vezes do lado esquerdo do peito e na cabeça.
Durante audiência de instrução do processo, Donavan chegou a dizer que o crime ocorreu após o mestre de capoeira ter ameaçado tomar o automóvel que havia dado como parte do pagamento pela casa. Ele ainda declarou que arranjou com um parente a arma de fogo usada no assassinato.
Felipe, que já tinha feito aulas de capoeira com Everaldo, teria aceitado ir até a casa do capoeirista, acompanhando Donavan, ao saber desentendimento entre os dois. Em depoimento, no entanto, o criminoso chegou a dizer que o capoeirista, antes de ter levado os tiros, o teria empurrado.
Apesar das versões apresentadas pelos réus, os dois foram condenados pelo Tribunal do Jurí, na tarde desta quarta-feira. Felipe, que desferiu os dois primeiros tiros, foi condenado a pena maior, de 16 anos e 4 meses de reclusão. Donovan foi condenado a 12 anos de reclusão.
De acordo com o promotor Adelmo Pinho, Felipe foi condenado a pena maior por ser reincidente e ter maus antecedentes. Donavan recebeu punição menor por ser réu primário e não possuir registros de outros crimes. O representante do MP não pretende recorrer da decisão, por considerar que as penas são justas. Os dois condenados terão direito a apelação, só continuando presos.