Região 018
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MORTE EM CHÁCARA Mãe de Vinícius Coradim fala de júri do filho, acusado de matar amigo

Érica Oliveira respondeu a 32 questões sobre o que teria ocorrido no dia da morte de Diogo Belentani

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Prestes a ver o filho ser levado a júri popular sob acusação de três crimes, o principal deles o homicídio de um amigo, Érica Souza Oliveira, 44 anos, falou à reportagem do site Araçatuba e Região sobre o caso. Ela respondeu a um questionário de 32 perguntas, sobre o que teria ocorrido naquele dia, 15 de julho de 2017.

O acusado é o jovem policial militar Vinícios Oliveira Coradim Alcântara. A vítima, o estudante Diogo Belentani, 21 anos, filho do coronel aposentado e ex-comandante do CPI-10 (Comando de Policiamento do Interior), Armando Belentani Filho. E o crime, a morte de um rapaz atingido por um tiro no peito.

Érica procurou o Araçatuba e Região esta semana, após a Justiça de Araçatuba agendar o júri popular de Vinícius Oliveira Coradim Alcântara, para 7 de novembro. Ela afirma ter informações sobre o caso até então não publicadas ou veiculadas pela imprensa local, que divergem de partes do que foi divulgado sobre o caso até o momento.

A mãe de Vinícios se dispôs a responder a um questionário com 32 perguntas, preparado pela reportagem do site Araçatuba e Região, informativo eletrônico que vem acompanhando o noticiário divulgado pela Justiça e Ministério Público, e que tem espaço aberto para ouvir as partes deste caso que comoveu os araçatubenses, por envolver dois jovens, amigos até então, e que causou a destruição, por diversas formas, de duas famílias.

O Araçatuba e Região destaca que, assim como se dispôs a ouvir Érica, mãe do PM acusado, já procurou anteriormente a família de Diogo. No entanto, sua mãe preferiu não falar sobre o ocorrido, ainda. Posição respeitada pelo site, que garante a ela ou família da vítima o mesmo espaço para relatar suas impressões sobre este caso que já é tão emblemático na história policial da cidade.

Leia a seguir os questionamentos feitos à mãe de Vinícius Oliveira Coradim Alcântara, que vai a julgamento daqui a pouco mais de dois meses:

1 - Dona Erica, como mãe do policial militar acusado, o que a senhora tem de conhecimento sobre os fatos ocorridos no dia 15 de julho de 2017, quando ocorreu a morte por disparo de arma de fogo de Diogo Belentani?

Os meninos iam fazer churrasco, mas mudaram de idéia. Então resolveram jogar truco. Vinicius havia colocado a arma dentro de uma caixa com tampa que fica ao lado da churrasqueira, como uma das testemunhas mesmo relata em todos os depoimentos. Vinicius estava arrumando a mesa para começarem a jogar. Quando virou, Diogo estava em posse da arma manuseando e pediu para que o mesmo a devolvesse. Sem êxito, ao tentar pegá-la, ocorreu o disparo.

2 - Como é o local onde seu filho e a vítima estavam? É uma chácara? Pertence a quem exatamente? Mora ou morava alguém no local da data do ocorrido?

É uma chácara, onde não há vizinhos por nenhum dos lados e fundos, pertence aos avós paternos do Vinicius, a avó reside no local.

3 - A senhora esteve presente no local do dia da morte do estudante?

Estive sim, 2 horas antes do acidente. Fui buscar uma televisão onde no momento Vinicius e Diogo colocaram a TV no meu carro, e brincamos, nos beijamos, e eu disse que se eles fossem na festa do Macário (uma tradicional festa realizada na cidade) eu iria levá-los e buscá-los. Diogo ainda brincou dizendo que eles só andavam em bando. Eu, dando risada, disse que por isso tinha Van, entrando pela janela do carro os dois vieram, me beijaram e dissemos tchau.

4 - Além de Vinícius e Diogo, quem mais esteve no local naquele dia e o que eles fizeram?

À tarde, apenas o Diogo e o Vinicius, mais tarde a vó, o irmão (criança de 6 anos) do Vini e um amiguinho da mesma idade. E depois chegaram Christofer e Juvenal para jogarem baralho.

5 - Procede a informação de que estavam em um churrasco? Sabe dizer se houve consumo de bebida alcoólica ou algum outro tipo de substância?

Não procede haver churrasco, mas vi latinhas de cerveja quando estive lá, mas não sei dizer quem havia bebido.

6 - A senhora sabe dizer quantas pessoas presenciaram o crime?

Duas (2) pessoas. Os amigos Christofer e Juvenal, mas relatam que só ouviram o disparo, porque estavam dispersos em celular e afastados de Vinicius e Diogo.

7 - As informações que a senhora possui, são as mesmas que constam na acusação feita contra seu filho, pelo Ministério Público?

Não são as mesmas informações que tenho conhecimento.

8 - O MP acusa Vinícius de ter cometido três crimes: disparo de arma de fogo de forma aleatória; homicídio e fraude processual. A senhora concorda com tais acusações?

Concordo, mas não da forma que estão acusando, tendenciosa. Homicídio culposo (quando não há intenção de matar) não doloso (quando há intenção de matar).

9 - Caso a senhora tenha estado na referida chácara no dia do crime, a senhora confirma a acusação de que Vinícius teria, naquele ambiente, disparado um tiro de forma aleatória, em horário anterior ao que se deu o disparo contra Diogo Belentani?

Estive, mas não no momento do acidente. Fiquei sabendo depois que houve anteriormente 2 (dois) disparos com arma, um do Diogo outro do Vinicius, a tarde, motivo pelo qual acredito que se meu filho tivesse interesse em ceifar a vida do Diogo, teria feito naquele momento, porque estavam sozinhos no fundo da chácara.

10 - Como mãe, que informações a senhora recebeu de seu filho a respeito do ocorrido?

Me relatou todo ocorrido, que no momento de pegar a arma das mãos de Diogo houve o disparo, acidentalmente. Ficou em choque, nunca faria nenhum mal ao amigo, ainda mais por causa de mulher. Estava com muito medo, porque deixaram ele sozinho naquela situação, e pela influência do pai do Diogo.

11 - Apesar de negar a intenção de ter efetuado o disparo, Vinícius, segundo o MP, teria assumido que se posicionou em condição de tiro, com a arma apontada para o estudante, quando o disparo ocorreu. A senhora acredita nessa versão?

Não acredito, em momento algum Vinicius ficou em posição de tiro, simplesmente por treinamento é procedimento do policial militar ficar com a arma em punho, que ao pegar a arma das mãos de Diogo, puxou para si e ficou paralisado.

12 - A senhora acompanhou os procedimentos de investigação, pela Polícia Civil, e posteriormente as audiências de instrução do processo?

Nos procedimentos da Polícia Civil não foram permitidas a nossa presença, sendo mudado o caso a outro delegado, que se mostrou tendencioso com as testemunhas. O advogado na época tinha até dificuldades em ter acesso aos documentos, algumas vezes diziam que não estava pronto e no dia seguinte as informações já estavam nas mídias antes mesmo do advogado. Informações essas muitas vezes que estavam sob segredo de justiça. Apenas participei da reconstituição e da 1ª audiência.

13 - A senhora ouviu Vinícius afirmar de própria voz que cometeu os referidos crimes que lhe são imputados?

Não, em momento algum.

14 - Que horas, do dia do ocorrido, a senhora foi comunicada sobre o fato? Quem lhe avisou e o que a senhora fez a partir deste momento?

Fui avisada à 1h00 da manhã, pois não sabiam como me falar e porque trabalho com transporte e estava trabalhando dirigindo. A avó me ligou e ela me avisou do ocorrido, fiquei em choque, e me dirigi até a delegacia onde Vinicius estava sendo ouvido. Ficamos lá até as 6 da manhã, levei ele pra casa e dormi com ele pois estava muito abalado, com medo, e eu temia pela vida dele.

15 - O filho da senhora era amigo de infância de Diogo? Desde quando eles se conheciam? Como era a amizade de ambos?

Não era amigo de infância, se conheceram aproximadamente em 2012 e criaram uma amizade muito forte, às vezes eu ficava até com ciúmes, pois quando vinha pra casa primeiro ligava para o Diogo e ficava muito na casa dele e ele na chácara.

16 - A senhora sabia que os jovens tinham relação com uma mesma garota, o que pode ter motivado discussão e resultado no disparo?

Nem eu nem o meu filho sabíamos que Diogo e Gabriela estavam envolvidos. Vinícius já não tinha nada com ela há meses do ocorrido, e veio saber disso 30 dias depois de sua prisão, pelo advogado, e de acordo com as testemunhas em momento algum houve discussão entre os dois , Vinicius e Diogo.

17 - Sobre o fato de seu filho ser policial e, no dia do fato, estar portando sua arma de trabalho. O que a senhora sabe dizer sobre isso? Ele a deixou ser manuseada por outras pessoas?

Por meu filho e o seu genitor serem militares fazem o uso da arma 24 horas, houve o manuseio sim quando Diogo pegou a arma sem permissão, como afirma a testemunha presencial.

18 - O que, em toda instrução processual, na avaliação da senhora, não condiz com a realidade do que de fato ocorreu em 15 de julho de 2017?

Muitos fatos não condizem com a verdade:

* o fato do dolo – foi um acidente (culposo).

* o fato do ciúmes pela menina – Vinicius nem sabia que o Diogo estava ficando com ela.

* o fato das ameaças a testemunhas – as mesmas afirmam que nenhum momento foram ameaçadas ou que alguém de nossa parte as procurou para tal.

* o fato da arma não ter passado pela mão da vítima – as testemunhas afirmam que passou sim.

* o fato do Vinicius ter confessado que atirou na vitima – ele diz que no momento de pegar a arma houve o disparo, que pode ter sido o dedo dele que acionou, não que quis fazer isso.

* o fato das mãos em posição de defesa – que seria com as palmas das mãos para fora e não para dentro como consta no laudo pericial.

19 - A senhora diria que qual foi o grau de responsabilidade de seu filho no caso?

Não posso definir um grau de porcentagem de responsabilidade, mas por ele ser policial deveria sim ter sido mais cauteloso e zeloso com sua arma, mas também do outro lado, se a vítima não tivesse pego a arma sem permissão não teria acontecido a tragédia.

20 - Vinícius matou o colega Diogo por vontade própria? Ou a senhora acredita em outra versão?

Nunca. Acredito que a verdade é que foi um trágico acidente entre 2 (dois) amigos.

21 - A senhora acredita numa eventual absolvição de Vinícius?

O júri popular pode decidir da forma como eles quiserem, e até absolver, que seria uma clemencia, mas acredito que vai haver Justiça, que sejam imparciais, se atenham as provas dos autos, que pelo menos se caracterize homicídio culposo, onde não houve intenção.

22 - Como tem sido os dias de seu filho, um jovem no início da vida, desde o ocorrido e, principalmente, a partir do momento que ele foi preso?

Dias dificieis, chora muito, perdeu um grande amigo, interrompendo sua carreira militar, e vai carregar esse trauma e a imagem do amigo naquela situação pelo resto da vida. Sempre diz que preferia que fosse ao contrário o disparo, mas reflete bastante também em fazer tudo diferente para compensar a falta de zelo que teve com a arma, o que veio a causar dor em tanta gente.

23 - Como se deu a prisão? Onde Vinícius estava na ocasião?

Na ocasião, Vinicius estava com o pai na cidade de Jales. A viatura da Forca Tática chegou em Pereira Barreto, onde o genitor reside, não os encontrando. O capitão responsável da equipe da Força Tática ligou para o genitor, onde o mesmo informou onde estava e do que se tratava. Após ser relatado, solicitou que a equipe aguardasse por um tempo até que ele retornasse para apresentar o Vinicius, onde se contradiz com a versão apresentada por algumas mídias de que eles estavam em Jales, fugindo.

24 - A senhora acredita que Diogo Belentani possa ter tido alguma atitude contra seu filho, que o tenha motivado a atirar contra a vítima?

Não acredito nisso, pois os dois eram amigos.

25 - Como a senhora considera ter sido tratada pela Promotoria e Justiça locais, que denunciaram e pronunciaram contra seu filho por três crimes?

Com indiferença, descaso, não dando chance de defesa, recusando nossas alegações.

26 - A senhora foi impedida de tomar alguma medida em defesa de seu filho no decorrer da instrução processual?

Sim. Procurei várias mídias, todos viraram as costas ou não respondiam aos contatos.

27 - Quem cuida da defesa de Vinícius? O que o advogado ou advogados de seu filho dizem sobre o caso?

O Advogado de São Paulo, doutor Nilton. Diz que não há elementos que o incrimine quanto ao homicídio, foi um acidente.

28 - A senhora acredita que manifestar-se a pouco tempo do júri, pode criar algum tipo de embaraço às partes envolvidas?

Não queremos criar nenhum embaraço e sim relatar a verdade, que não foi nos dado o direito até então.

29 - Vinícius tem, além da senhora, quem mais a seu lado? Pai, irmãos, tios?

Toda família, amigos, companheiros de trabalho.

30 - Caso o júri decida pela condenação de seu filho, a senhora pensa em tempo de pena e como ela será cumprida?

Não penso na possibilidade, pois a verdade prevalecerá, queremos Justiça, não vingança. Que ele seja julgado pelo que fez, não pelo que não fez, como estão querendo imputá-lo.

31 - A senhora considera que os fatos destruíram duas famílias?

Com certeza, uma situação muito difícil e dolorida, pois são 2 (dois) filhos amados e queridos, são traumas e imagens que nunca serão apagadas de nossas memórias. Recomeçar é difícil, cada um com suas perdas, se não estivermos na presença e vivência em Deus tudo é mais difícil para passar e entender. Há propósitos que só Deus conhece, que hoje não entendemos.

32 - No caso do jovem Vinícius, a senhora pensa o quê sobre o futuro de seu filho?

Já tive muito medo e temia pelo futuro dele, por algumas ameaças que tivemos, mas hoje acredito que recomeçar é difícil mas é preciso. Vai ser um trauma e uma tristeza que ele vai ter que aprender a conviver para o resto da vida, mas também acredito muito que não há crescimento sem sofrimento, que depois de tudo isso ele cresça como homem e espiritualmente, que faça sua vida valer a pena, pela outra vida que se perdeu. Que possa ser testemunho para outros jovens.

LEIA MANIFESTAÇÃO DE FAMILIARES DO ESTUDANTE DIOGO BELENTANI:

“A família da vítima Diogo Belentani, nesse momento difícil de dor, lamenta os comentários ofensivos da mãe do acusado expostos através desse órgão da imprensa, demonstrando ela, com tal agir, total desrespeito com a memória da vítima, com seus familiares e amigos, deixando evidente a intenção inequívoca de defender seu filho, ora réu, a qualquer custo, fugindo dos fatos e da verdade.

Aguardamos, assim, serenamente o julgamento do caso, confiando que Justiça será feita. Deixamos claro, ainda, que nossa família nunca ameaçou ou intimidou qualquer pessoa e nem mesmo interferiu no andamento do então inquérito policial ou do processo em questão, o qual se encontra em andamento”.

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