Mais um morador da região de Araçatuba sobreviveu ao rompimento da barragem de rejeitos da Vale, em Brumadinho (MG), ocorrido em 25 de janeiro. Além do engenheiro Rawgleison Batista Amaral, de 32 anos, morador de Birigui, que conseguiu escapar após correr e pegar carona em uma caminhonete, o sonador Lieuzo Luiz dos Santos, 55 anos, de Ilha Solteira, está vivo graças a um verdadeiro milagre.
Ele fazia parte de um grupo de pelo menos 20 trabalhadores que, no dia da tragédia, que até o momento já tem 121 mortos contabilizados, faziam algum tipo de serviço sobre a barragem no momento em que ela se rompeu, causando uma avalanche de lama.
Lieuzo, que é chamado por familiares e amigos de Léo, prestava serviços de forma terceirizada à mineradora. Ele e mais quatro colegas da empresa para a qual atuavam naquela ocasião, faziam a instalação de equipamentos elétricos, chamados piezômetros, para medir a pressão da água no interior da barragem. O grupo estava em Brumadinho desde dezembro de 2018 e o sondador foi o único dos amigos que sobreviveu. Outras quatro pessoas que realizavam a mesma atividade estão desaparecidas.
“Quando vi só foi o gramado abrindo, estourando, igual um vulcão, com o preto do rejeito. Deu a explosão e nós fomos para baixo. Não sei quantos metros nós descemos. Sorte que não tinha mais terra para cair em cima de mim... teve uma hora que passei igual num funil de terra... me apertou forte... falei, morri”, relatou Lieuzo ao G1 de Minas Gerais.
O morador de Ilha Solteira, que retornou para casa no último sábado, com fratura em uma das pernas, diz que ficou por horas à espera de socorro dos bombeiros. Muitos helicópteros passaram sobre o local onde estava, mas não o visualizaram. Quando uma aeronave conseguiu sobrevoar bem perto do buraco de rejeitos onde ficou parado, conseguiu gritar e pedir ajuda.
“Desci igual uma bola rolando no meio das coisas. Caí fora do rejeito molhado, caí no seco, só minha perna que estava soterrada, aí fiquei cavando com a mão até tirar a minha perna”, explica. “Eu acenava e ninguém me via. Na parte da tarde apareceu um [helicóptero] pertinho. Eu acenei e o piloto não viu”. Neste momento, Lieuzo, devoto de Nossa Senhora Aparecida, rezava para ter forças para continuar gritando, relata o G1.
O sondador de Ilha Solteira recebeu, durante os dias que ficou internado em um hospital de Belo Horizonte, a visita de familiares. "Quando os bombeiros me acharam e me tiraram de lá, foi um alívio. Tudo o que eu passei eu não desejo a ninguém. Quando tudo isso aconteceu eu só conseguia pensar na minha família e nos meus colegas de serviço que ainda estão desaparecidos”, diz.
Com informações e imagens do G1 e TV TEM.