A morte de uma jovem de 21 anos no pronto-socorro de Penápolis, na última segunda-feira (14), será investigada pela Polícia Civil. Ela veio a óbito após sofrer sete paradas cardíacas. O caso foi comunicado pela mãe dela, que registrou um boletim de ocorrência. Conforme a mulher, a filha foi diagnosticada com a Covid-19 em 3 de janeiro.
Após cumprir a quarentena, teria passado a reclamar de fortes dores de cabeça e comparecido ao PS 16 vezes, porém, nenhuma providência foi tomada. Ela ainda contou à polícia que não reside na cidade, mas que a vítima a telefonava, informando que o médico receitava um medicamento e a liberava da unidade.
A primeira vez que a jovem foi ao pronto-socorro teria ocorrido na madrugada de 14 de janeiro, queixando-se de fortes dores na cabeça. Ela recebeu uma injeção e foi liberada. No dia 15, voltou e, pela primeira vez, um médico solicitou pedido um exame de sangue. Após colher material, a garota tomou soro e foi liberada para buscar o resultado no dia seguinte. Foi constatada uma alteração no PCR, no entanto, nenhum tratamento foi passado.
INFECÇÃO
A mulher comentou que, no dia 17, a filha enviou uma foto do exame para ela, que é técnica em enfermagem em Birigui, mostrando-a para uma médica, que apontou que a análise havia diagnosticado uma infecção bacteriana. Com isso, orientou a vítima que procurasse a especialista, que confirmou o problema, solicitando um exame de raio-X do pulmão.
O resultado apontou uma mancha, sendo receitado antibiótico por sete dias e, durante o período de medicação, não houve queixa de dor pela jovem. Porém, ao término do remédio, o incômodo voltou, fazendo com que a garota procurasse o pronto-socorro no dia 31, quando sofreu uma convulsão. O médico plantonista solicitou uma tomografia e relatou que não havia sido constatada nenhuma alteração.
Um raio-X foi feito no mesmo dia, apontando sinusite. Como ela estava no PS e com febre, foi orientada a procurar um otorrinolaringologista e liberada. A declarante frisou que a filha não procurou o especialista. Ainda queixando-se de dores de cabeça, voltou ao pronto-socorro em 1º de fevereiro. Houve coleta de material para exame de meningite, tendo o resultado negativo.
A jovem teve alta, mas retornou no dia 6, sendo medicada e, mais uma vez, liberada. O mesmo aconteceu no dia 7. A mãe revelou que, a partir daí até o último domingo (13), a vítima foi todos os dias na unidade em busca de atendimento, mas nenhum exame ou a encaminhamento para um especialista foi providenciado.
MANCHA
Diante da situação, a mulher levou a filha a um neurologista na sexta (11), apresentou os exames feitos anteriormente, tendo o médico relatado que ela estava com uma mancha na cabeça, receitando um remédio e pedindo três ressonâncias, que deveriam ser feitas na segunda.
Na noite de domingo, a jovem queixou-se de muita dor de cabeça, sofreu convulsões em casa e foi levada ao pronto-socorro, sendo constatado que a pressão arterial dela estava alta – 18 por 12 -, encaminhando-a para a emergência. Ela teria sofrido mais uma convulsão e a informação passada foi de que teria sido intubada e sofrido sete paradas cardíacas.
A vítima permaneceu internada. O óbito foi constatado na manhã de segunda. A mãe reforçou em suas declarações à polícia que a médica plantonista atestaria o óbito da jovem como sendo “abscesso cerebral”, apesar da quantidade de vezes que ela procurou atendimento médico sem providências.
SINDICÂNCIA
Em nota enviada pela assessoria de imprensa da Prefeitura, a Secretaria de Saúde instaurou processo administrativo – sindicância – para apurar o ocorrido.