Após sete meses de um sangramento político que pode complicar os planos de reeleição do prefeito de Araçatuba, Dilador Borges (PSDB), e da vice, Edna Flor (Cidadania), nas eleições deste ano, a Prefeitura anunciou que deve romper, a partir de abril, contrato com o IVVH (Instituto de Valorização à Vida Humana) para prestação de serviços na área de assistência social.
É uma medida que acontece com um gigantesco e inexplicável atraso se levadas em consideração as feridas abertas na administração municipal após a deflagração da Operação #TUDONOSSO, da Polícia Federal, em 13 de agosto do ano passado, colocando na cadeia 15 pessoas, mesmo que por período temporário, e escancarando aos araçatubenses e, principalmente, aos eleitores, um esquema criminoso existente nas entranhas da Prefeitura e que teria causado danos aos cofres municipais.
Diretamente contra o prefeito Dilador Borges e sua vice, até o momento, existe publicamente apenas a indicação, em inquérito ainda em andamento na Polícia Federal, de que os dois figuram numa lista de supostos facilitadores de um esquema comandado pelo empresário e sindicalista José Avelino Pereira, vulgo Chinelo, a quem estariam subordinados laranjas responsáveis pelo comando do IVVH e da empresa SEN Prestação de Serviços de Limpeza, pivôs de desvios de recursos do orçamento municipal no pagamento de atividades terceirizadas realizadas em Araçatuba sob tutela da Prefeitura.
Pelo que foi veiculado na imprensa nos últimos dias, graças a um projeto enviado à Câmara pedindo chancela dos vereadores para abertura de crédito da ordem de R$ 2 milhões para execução de serviços na área de assistência social, o município é quem deve tocar até o final da atual gestão as atividades da área. A direção do IVVH teria pedido para abandonar o negócio firmado com o município.
Coisa que, para extirpar suspeitas, desconfianças e sucessivas acusações os atuais administradores da cidade deveriam ter praticado por conta própria e sem nenhuma recomendação logo que a #TUDONOSSO foi deflagrada, mas que, sabe-se lá a que cargas d’água, Dilador Borges e Edna Flor optaram por manter uma parceria com entidade ligada a uma organização criminosa, conforme os olhos da Polícia Federal, sob a alegação de que a Prefeitura pagaria diretamente por fornecedores de materiais e funcionários de tal instituto, sob fiscalização da Justiça do Trabalho.
Foi, sem necessidade de qualquer explicação, um procedimento no mínimo errado adotado pelo atual prefeito e sua vice, tendo em vista que só o fato de IVVH e SEN serem pivôs de um esquema de corrupção, deveria ser o bastante para que ligações fossem rompidas de forma imediata desde a vinda à tona da #TUDONOSSO.
Esse é, sem dúvidas, um ônus para lá de pesado que o prefeito Dilador Borges e Edna Flor, se ela continuar figurando no papel de vice-prefeita, vão ter que arrastar até as urnas nas eleições deste ano. É um fardo que tem engalfinhado em suas amarras um fator preponderante para a definição de quem será o prefeito de Araçatuba nos próximos quatro anos: o voto do eleitor diante de tudo que ele viu e entendeu até o momento sobre a operação da Polícia Federal.
O fato de Dilador e Edna aparecerem publicamente, até o momento, apenas numa lista de eventuais facilitadores de uma situação não é o bastante para ambos exercitarem excesso de confiança numa moenda que ainda tem muito caldo a dar.
Diante disso, o que fica, para os mais sóbrios e desapaixonados, é a certeza absoluta de que os atuais gestores municipais erraram. Até aqui, pelo menos, na manutenção de vínculos com as empresas que levaram um determinado grupo a cometer desfalques no dinheiro público conforme apurado pela Polícia Federal.
Por essas e outras, a soberba perceptível nas atitudes de representantes do governo municipal pode causar ainda mais estragos nas pretensões políticas de Dilador Borges, em especial. Se ele e sua vice têm tentado mostrar cautela diante de tudo que aconteceu até aqui, o mesmo não aconte com determinados integrantes do Executivo local.
Tem gente, exageradamente, achando que tudo já passou e que nada mais complicador pode acontecer até as eleições. Um tiro matador, derradeiro para resultado final nada feliz. Um sinal claro para aqueles que começam a baixar a guarda, que praticam nas veias da Prefeitura a arrogância e a desigualdade no trato. #FICAADICA.
