A Ong (Organização Não Governamental) APDA (Associação de Proteção dos Animais) de Araçatuba realizou mutirão social e castrou 312 gatos abrigados por famílias de baixa renda da cidade. As cirurgias tiveram um custo simbólico de R$ 50 e foram realizadas entre os dias 29 de novembro e 10 de dezembro, numa clínica particular, parceira do projeto, localizada no bairro Saudade.
A médica veterinária, Giorgia Estevam, que também atua como responsável técnica da APDA, foi quem realizou os procedimentos. “Nesse período foram castrados tanto machos quanto fêmeas. As cirurgias aconteceram com horário marcado. Assim como ocorre em nossos atendimentos particulares”, contou.
A veterinária disse que o custo de uma cirurgia em felinos do porte dos que foram atendidos – com peso médio de quatro quilos – gira em torno de R$ 190 em fêmeas e R$ 170 para machos. O mutirão foi divulgado nas redes sociais da Ong e as pessoas manifestaram interesse. A partir daí, houve o agendamento.
Protetora independente, a auxiliar de produção, Grazielita Jamaica Alves da Costa, de 37 anos, apontou como de extrema importância as atividades da Ong. Moradora do bairro Guanabara, ela abriga 18 gatos, sendo que somente este ano, dez deles foram castrados com o apoio da APDA.
“É comum abandonarem os animais na minha rua. Muitos chegam inclusive doentes. Daí, por dó e por gostar muito, eu e minha família acabamos cuidando. Mas nem sempre é possível tirar dinheiro do orçamento da família para realizar os atendimentos”, contou.
A protetora afirmou que tudo que faz é de maneira voluntária e que, muitos animais depois de recuperados são colocados para adoção consciente. Porque, segundo ela, o abandono cresce muito em época de festas e férias, quando as famílias saem mais ou viajam e não encontram ninguém para cuidar do animal.
A tosadora Katleen Vivian Batista da Silva, 41 anos, moradora do bairro Taane Andraus, de Araçatuba, também abriga 18 felinos. Todos os animais foram recolhidos filhotes ou doentes das ruas. Segundo ela, recentemente teve quatro gatos castrados com o apoio da APDA.
Além dos gatos que mantém em sua casa, ela ainda ajuda no cuidado e na alimentação dos animais que vivem em “bolsões” na cidade. “Nós visitamos com frequência o local onde eles ficam. Na medida do possível capturamos para castrar. Mas esses são animais que estão acostumados com as ruas e são muito selvagens para serem inseridos nas casas”, contou.
ENXUGANDO GELO
A veterinária e responsável técnica da APDA explicou que apesar de ser grande a gama de animais abandonados, os felinos são os que tem maior representatividade nesse cenário devido a rapidez do seu ciclo de reprodução. “As fêmeas têm cio a cada dois meses, com gestação média de 60 dias. As fêmeas que nascem dessas ninhadas, em seis meses também já estão aptas a ficarem prenhas”, completou.
Giorgia também salientou a dificuldade de manejo com os felinos. “Não é fácil conter esses animais. Mas os voluntários nos ajudam nesse processo de captura para castração. Embora me sinta enxugando gelo, é preciso fazer. O quanto mais melhor, para tentar controlar esse aumento populacional descontrolado”, disse.
CASTRAMÓVEL
O ativista da causa animal e responsável pela APDA, Rosaldo de Oliveira, contou que foi a partir da dificuldade que as pessoas têm para castrar os animais que criou o projeto Castramóvel.
“Inicialmente, o trailer consultório percorria os bairros para fazer as cirurgias gratuitas. Mas o alto custo da estrutura acabou inviabilizando o uso”, disse. No entanto, segundo ele, o trabalho continuou acontecendo.
Oliveira falou que este ano, dentro do projeto, que agora acontece em clínicas parceiras - contabilizou 10.200 castrações gratuitas.
Além desse suporte, o trabalho de conscientização realizado em escolas e o resgate de animais em situação de maus-tratos e de rua, a APDA também auxilia os protetores que atuam de forma independente na cidade. “Nesse último mês de dezembro conseguimos comprar uma tonelada de ração que está sendo repassada para os protetores e donos de animais que enfrentam dificuldade para custear a alimentação deles”, contou.
Sem nenhum tipo de aporte financeiro da iniciativa pública, Oliveira afirmou que para que as ações ocorram conta apenas com recurso próprio, ajuda de familiares e dos parceiros que consegue.