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TÁ FALTANDO O QUE FAZER? Os cuidadores de crianças em creche e os moralistas preconceituosos

Profissionais da educação em Araçatuba são atacados pelos plantonistas de picuinha em redes sociais

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Os criadores de problemas, ou melhor, os caçadores de picuinhas em Araçatuba estão a pleno vapor nas redes sociais questionando a atuação de profissionais homens em creches da cidade. A bandeira da vez, lançando mão, antes de qualquer outra coisa, é o risco sexual que crianças cuidadas por estes profissionais correm nas mãos de servidores públicos que estão sendo julgados sem que qualquer indício que demonstre conduta duvidosa tenha vindo a publico. Quiçá, algo com provas concretas que tenham ido parar na polícia, Ministério Público ou Justiça.

É mais uma imbecilidade que os fiscais de Facebook e grupos de Whatsapp usam para tentar atingir pessoas. Ou melhor: desmoralizar e demonizar pessoas. No caso, profissionais que foram contratados por meio de processos públicos e que tentam ganhar a vida com dignidade, para assim sustentar suas famílias.

Em tempos de igualdade – não, para os que pensam o contrário, não vivemos sob nenhuma ditadura nem somos doutrinados ao preconceito como meia dúzia de poderosos querem –, de democracia, de liberdade e, principalmente, necessidade de sobrevivência num país onde temos mais de 12 milhões de desempregados, dos quais 4 milhões estão no Estado de São Paulo, onde vivemos e estufamos o peito para dizer que é o mais rico e poderoso do país, infernizar a vida de pessoas que estão trabalhando com discurso tão pequeno é simplesmente estar com tempo demais sobrando na vida, é coisa de quem não tem o que fazer.

Vivemos num paós onde temos mulheres atuando em absolutamente todas as áreas profissionais. Muitas delas, com capacidade infinitamente maior que seus colegas homens. São médicas, motoristas de caminhão, engenheiras, soldadoras de grandes embarcações, coveiras, tapadoras de buracos de rua, catadoras de materiais recicláveis e por aí vai.

De outro lado, temos hoje homens que ganham a vida e sustentam suas famílias fazendo faxina, varrendo ruas, cuidando de idosos e, sim, fazendo o mesmo com crianças em escolas e creches não só de Araçatuba, mas por vários cantos do Brasil que ainda o temos como um país aberto às diferenças e ao respeito.

Questionar se um homem tem ou não competência, experiência ou o que quer que seja para trabalhar em uma creche é colocar em dívida o caráter de pessoas sem que elas tenham demonstrado qualquer desalinho profissional.

É, indiretamente, insinuar que a qualquer momento nossos filhos, filhas, sobrinhos, sobrinhas, netos e netas possam ser violentados, assediados, estuprados dentro das creches ou escolas do município. E a insinuação é leviana. Uma vez que ela sempre pode ser motivada por algum interesse travestido de uma moralidade que insiste, no balbuciar de algumas pobres pessoas de espírito pequeno e vil, denegrir alguém ou alguma coisa.

Usando do raciocínio dos que estão gastando os dedos para questionar nas redes sociais se “você deixaria um filho ou filha ser cuidado por homem em creche”, não poderíamos ter, dentro dos hospitais, homens cuidando de mulheres nem mulheres cuidando de homens.

Ainda nesta linha, não deveríamos ter, entre os profissionais da saúde, ginecologistas homens atendendo mulheres. Nem mulheres trabalhando como urologistas ou em qualquer outra atividade que possa ter “contato” com o órgão genital masculino.

Continuando, não deveríamos exigir de nossas parentes mulheres, sejam elas irmãs, tias, avós ou mesmo mães que venham nos banhar quando, adultos, formos submetidos a cirurgias que possam nos incapacitar de agir por conta própria nem que por um determinado período. Deveríamos, no caso dos homens, ter apenas homens lavando e enxaguando nossas partes íntimas. Assim como mulheres deveriam ter apenas mulheres fazendo o mesmo.

Só que não. Nessas horas, para o homem que é casado, ele vai sempre preferir que a esposa ou a coitada da mãe, na maioria das vezes já idosa, assuma tais cuidados no seu período de convalescença.

A descoberta de que há, na rede municipal de ensino de Araçatuba, homens cuidando de crianças em creches, fez com que os mesmos se tornassem a “Geni” do momento. Estão, literalmente, sendo apedrejados sem, há que se repetir aqui, nada que os desabone em tal função tenha algum tipo de registro público, policial ou judicial.

O questionamento da vez é, mais uma vez, resultado do tempo que sobra às pessoas para ficarem monitorando a vida alheia. E neste caso, com viés, para variar, político e preconceituoso. Fatores que não vão mudar a vida da população como meia dúzia de desocupados sonha que vá acontecer.

O preconceito gratuito para com os profissionais homens que atuam em creches do município deveria ser acompanhado de perto pelas polícias e pelo Ministério Público. Acusar, mesmo sem citar nomes ou casos concretos de ilegalidade, é algo muito irresponsável.

É, antes do exercício pleno da sanidade mental, fato que merece desprezo. Principalmente, porque quem está por trás dessa onda de denuncismo barato, amador, é sempre aquele recalcado que vem de tempos usando as pedras que encontra em seu caminho para ferir aqueles que gostariam, justamente, de estar no lugar.

O que vive Araçatuba, nesse quesito, é tão repugnante, que a certeza que temos é que a cidade só perde com tudo isso que vemos, que vimos e continuaremos vendo nas redes sociais dos recalcados de plantão.


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