Pacientes da clínica de reabilitação clandestina para dependentes químicos de Penápolis, que foi fechada na noite da última quarta-feira (13), relataram em depoimento à Polícia Civil que passavam fome, pois a alimentação fornecida pelos funcionários era escassa.
De acordo com a delegada da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Penápolis, Thaísa da Silva Borges, alguns internos também afirmaram que precisavam pescar peixes em um lago para comer.
“A clínica não fornecia carne vermelha. A alimentação era escassa e muito ruim. Uma das pessoas também disse que passava fome. Ela é doente, mas não tinha atendimento médico e odontológico. Das pessoas que eu ouvi, nenhuma recebeu a vacina contra a Covid-19, mesmo estando na faixa etária contemplada pelo plano”, afirmou ao G1.
A clínica clandestina foi descoberta depois de a Polícia Civil receber uma denúncia sobre uma ocorrência de violência doméstica e conseguir um mandado de busca e apreensão para descobrir se havia uma arma de fogo dentro do estabelecimento.
“Essa denúncia envolvia, supostamente, os proprietários da clínica. Cumprimos o mandado e encontramos vários adolescentes, idosos e adultos internados. Um menor de idade começou a relatar o sofrimento sobre o qual estava sendo submetido. Outras pessoas tomaram coragem e começaram a nos relatar maus-tratos”, disse a delegada.
Segundo Thaísa da Silva Borges, os pacientes, além de passarem fome, eram mantidos em quartos fechados, caraterísticas presentes nos crimes de cárcere privado e tortura.
Equipes do Conselho Tutelar, Assistência Social e Vigilância Sanitária também foram acionadas para comparecerem à clínica. A prefeitura disponibilizou dois ônibus para retirar os pacientes do estabelecimento.
“A Vigilância Sanitária verificou que a clínica não tinha mesmo nenhum documento que permitisse o funcionamento. Ao todo, 31 pessoas estavam internadas na clínica, contando com os menores de idade. Escutamos o maior número de pessoas possível”, disse a delegada.
Conforme Thaísa da Silva Borges, a clínica era particular, e as famílias pagavam para os internos receberem atendimento e tratamento especializado.
“Os valores não eram unanimes. A princípio, eles variavam de acordo com o nível aquisitivo da família dos pacientes. Pelas oitivas que colhi, alguns pagavam R$ 500, e outros R$ 2 mil. Os proprietários da clínica ainda não foram localizados, mas podem responder pelos crimes que cometeram”, afirmou.
Em nota, a defesa da proprietária da clínica informou que não vai se manifestar sobre o caso.