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A Justiça de Araçatuba marcou, para o dia 7 de novembro, julgamento do policial militar Vinícius Oliveira Coradim Alcântara, 22 anos. Ele vai a júri popular pela morte do estudante Diogo Belentani, 21 anos, ocorrida em 15 de julho do ano passado. O PM é réu confesso e responderá por homicídio, tiro aleatório de arma de fogo e fraude processual, podendo ser condenado a pena de até 38 anos de prisão.
Detido após as investigações indicarem seu envolvimento direto no assassinato, o PM aguarda pelo julgamento no presídio Romão Gomes, em São Paulo. O julgamento está marcado para começar às 9h da data agendada. A vítima do crime era filho do coronel aposentado da Polícia Militar, Armando Belentani Filho, ex-comandante do CPI-10 (Comando de Policiamento do Interior).
De acordo com o Cartório do Júri, do Fórum de Araçatuba, o promotor Adelmo Pinho, como autor da acusação contra o policial militar, arrolou para o dia do julgamento cinco testemunhas, mesma quantia relacionada pela defesa de Coradim Alcântara, para serem ouvidas em plenário. Os trabalhos serão conduzidos pelo juiz Henrique de Castilho Jacinto, da 1ª Vara de Execuções Criminais.
Por se tratar de um caso que gerou repercussão, envolvendo um policial militar e o filho de um coronel, o júri popular poderá ter esquema especial de segurança. No mês de outubro, a Justiça local fará o sorteio de 25 pessoas que poderão atuar no julgamento como titulares e outras 25 na condição de suplentes. Do total sorteado, na data do júri, será promovido o sorteio de sete jurados que acompanharão os trabalhos em plenário e que decidirão se o PM deverá ou não ser condenado pelos três crimes que lhe foram imputados na denúncia do Ministério Público, que foi pronunciada pelo judiciário local.
COMO ACONTECEU
O estudante Diogo Belentani foi morto com um tiro no peito em 15 de julho de 2017, no início da noite, após ter passado a tarde daquele dia em um churrasco na chácara dos avós de Coradim Alcântara, na rua Baguaçu.
O policial e o estudante, conforme apurou o Ministério Público e indicaram as investigações policiais, acabaram discutindo por causa de uma garota que mantinha um relacionamento amoroso com o acusado e a vítima, de forma simultânea e sem que ambos soubessem.
Conforme o promotor Adelmo Pinho, as informações e relatos do próprio réu obtidos durante todo procedimento de instrução processual deixaram claro que na data do crime o policial militar, em um determinado momento do dia, usou sua arma de serviço para efetuar um disparo aleatoriamente na chácara onde ocorria o churrasco. À noite, Coradim Alcântara veio a atirar contra o estudante, após uma discussão, e posteriormente fraudar a cena do crime, colocando a arma na mão da vítima, enquanto ainda estava no chão e antes mesmo de receber qualquer tipo de socorro.
Mesmo alegando não ter tido a intenção de matar Diogo Belentani – tese usada pela defesa para desqualificar a ação do réu –, o policial militar disse em depoimento que sua arma estava nas mãos do estudante e que após retirá-la da vítima, ele se colocou em posição de tiro. No entanto, o disparo, neste momento, teria ocorrido acidentalmente.
No entendimento do promotor, o réu quis matar a vítima e isso está provado nos autos. As sucessivas mentiras contadas pelo PM durante todo o processo de investigação “caíram por terra”, na avaliação do promotor. “No dia do julgamento, perante o júri popular, a verdade prevalecerá e a Justiça será feita”, disse Adelmo Pinho em maio deste ano, quando Coradim Alcântara se tornou réu de fato.
Em agosto do ano passado, a Polícia Civil de Araçatuba realizou reconstituição do crime, para colher informações do inquérito que foi apresentado à Justiça. O PM, que já estava preso, foi deslocado até Araçatuba para dar detalhes de como o crime foi praticado.