Você sabia que antes de a Família Imperial chegar ao Brasil, em 1808, a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, já tinha um Teatro de Ópera desde 1770, que continua de pé, com espetáculos, até hoje?
Sabia também que Tiradentes só foi enforcado em 1792 porque era pobre e alguém tinha que servir de exemplo para não enfrentar mais a Coroa Portuguesa, que na época só explorava o Brasil e ainda exigia um Quinto (20%) de tudo o que os brasileiros produziam?
E você sabia que a expressão “olha o passarinho”, usada no passado para fazer sorrir quem ia tirar fotografia, era um aviso entre os negros escravizados para que todos deixassem as profundezas das minas de ouro e pedras preciosas porque o ar estava rarefeito e eles morreriam sufocados em pouco tempo?
Sim, eles deixavam as gaiolas das aves perto deles e quando os pássaros paravam de cantar e desfaleciam, era o sinal para sair das cavernas.
Essas e outras histórias, contadas por moradores - agora guias turísticos - do lugar, em cenários que construíram a história verdadeira do Brasil deveriam ser conhecidas por todos os brasileiros.
Talvez, assim, nosso povo pudesse compreender melhor as causas das nossas misérias e buscasse solucionar as consequências da enorme desigualdade social, da fome avassaladora e da violência que nunca cessa.
Todo lugar no Brasil conta um pedaço da nossa história, desde o Nordeste, onde os portugueses colonizadores chegaram, até o Sul, onde tivemos guerra inclusive para desmembrar estados do resto do território. Mas em Minas Gerais, especificamente na cidade de Ouro Preto, tudo é história a céu aberto e, quem puder, vale a pena visitar.
A cidade é do século XVIII. No centro antigo, todas as construções foram preservadas. A arquitetura é um patrimônio da humanidade declarado pela Unesco. As igrejas, enfeitadas com ouro, são obras de arte barrocas.
Os museus contam a história da Inconfidência Mineira, movimento separatista que buscava a independência de Portugal; da vida do artista plástico brasileiro Alberto da Veiga Guignard, amigo de Picasso, que morou em vários países da Europa, mas escolheu viver lá até morrer.
Tem a Casa dos Contos, que conta a história do nosso dinheiro, das conchas até o Real (sabia que quando não havia moedas, o pagamento de produtos era feito com conchas do mar?) e até um museu de oratórios (alguém esculpiu um oratório em uma bala de fuzil, por maior que possa ser a incoerência).
Vou deixar aqui algumas imagens e legendas para servir de incentivo. Se um dia puder, não perca a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história desse país e seu povo.
Ayne Regina Gonçalves da Silva é jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica, professora e empresária em Araçatuba (SP)
CONFIRA MAIS UM POUCO DESTA VIAGEM:
Praça Tiradentes, em Ouro Preto, cidade tombada pelo patrimônio histórico. As casas são do século XVIII, completamente preservadas. No centro, um monumento em homenagem a Tiradentes, o único inconfidente enforcado após o movimento separatista.
Panteão dos Inconfidentes dentro do Museu da Inconfidência, onde estão os restos mortais daqueles que queriam separar o Brasil de Portugal em 1789. Eles foram degredados para a África e o presidente Getúlio Vargas mandou buscar os restos mortais para homenageá-los.
São muitas as igrejas e capelas de Ouro Preto, todas trabalhadas em madeira e ouro. Há obras de Aleijadinho em muitas delas.
Casa dos Contos, onde o ouro era transformado em barras no século XVIII e hoje abriga um museu que conta a história do dinheiro no Brasil, das conchas ao Real.
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