A promotora de Justiça, Marília Gonçalves Gomes Cangani, de Andradina, afirmou que vai pedir novo julgamento para o mecânico Paulo Alves da Silva, condenado na madrugada última quinta-feira (17) a 11 anos e 15 dias de prisão pela morte de duas pessoas e o atropelamento de outras 15, em Nova Independência.
Em entrevista ao portal de notícias Urubupungá News nesta sexta-feira (18), a promotora falou que assim como a maioria das vítimas e familiares não concordaram com a reduzida pena imposta ao réu, ela também não aceitou o veredito.
O recurso de apelação será feito assim que for aberta a vista dos autos.
Marília não participou presencialmente da sessão de julgamento devido a pandemia. A promotora que está gestante foi substituída no tribunal pelo promotor Carlos Leonardo Martins da Silva, de Araçatuba.
O crime ocorreu em janeiro de 2020, em frente a um bar, em Nova Independência. Na ocasião, ocorria uma festa da qual o mecânico também participava. Lá ele teve um desentendimento com a mulher e uma amiga dela e deixou o local muito alterado.
Tomado por um ataque de ira, ele voltou pouco tempo depois ao local dirigindo uma caminhonete S10, com a qual atropelou 17 pessoas. Duas delas morreram. Na ocasião, ele ficou conhecido popularmente como “Valentão” de Nova Independência.
“Entendemos que não ocorreu homicídio privilegiado (mas sim homicídios triplamente qualificados, de acordo com o narrado na denúncia) e que a pena não condiz com a gravidade dos crimes hediondos imputados ao réu”, destacou a promotora de Justiça.
A manifestação da 4ª promotora de Justiça de Andradina menos de 24 horas depois do julgamento ocorreu em resposta as inúmeras mensagens de repúdio deixadas em redes sociais por moradores de Nova Independência ao saberem o resultado do júri.
“Como sempre, o Ministério Público está em defesa das vítimas e da sociedade, e iremos às instâncias superiores, com o fim de modificar esse resultado e fazer justiça, trazendo alento às vítimas, aos familiares das vítimas fatais e à sociedade de Nova Independência”, concluiu a promotora Marília.
COMPLEXO
Presidido pelo juiz Alexandre Rodrigues Ferreira, o julgamento de Paulo Alves da Silva, 50 anos, iniciou na manhã de quarta-feira (16) e só terminou na madrugada de quinta (17). O advogado de defesa Edilson Gomes da Silva considerou ser o mais complexo da história da comarca.
Após ler a sentença, o juiz fez diversas advertências verbais ao mecânico e usou trechos bíblicos para dar um verdadeiro sermão ao réu.
“Espero que o senhor realmente tenha aprendido a lição e digo para todos que estão aqui nesse Tribunal do Júri: ‘é o que diz o provérbio 29,11 que fala a respeito da ira. Nós sábios, pessoas sábias devem saber controlar a ira e apenas o tolo não controla a ira (...) Nós temos que saber controlar nosso momento de ira para que não venham causar prejuízo nas outras pessoas. A liberdade na Bíblia não é a liberdade de fazer o que quer. É a liberdade de fazer o que desejamos desde que não prejudicamos o próximo. É isso que Jesus quer de nós”, falou o juiz.