Na tarde desta segunda-feira (25), foi protocolado no MP-SP (Ministério Público Estadual) em Araçatuba (SP), ofício acompanhando de filmagens que comprovam as agressões constantes sofridas por Cristiane dos Santos Maruyama, de 46 anos, morta a tiros pelo ex-marido, no dia 8 de novembro, no bairro Santa Luzia.
A denúncia acompanhada de provas foi entregue por uma representante da Associação Casa Maria e pelo advogado Octávio Bueno. Cansada das agressões, Cristiane havia buscado orientação e apoio na Associação.
As provas reforçam o histórico de violência do autor do feminicídio, Ênio Maruyama, de 65 anos, que brutalmente tirou a vida de Cristiane. O crime chocou a cidade e gerou ampla comoção social.
Ênio foi preso em flagrante logo após efetuar os disparos contra a ex-mulher. Mas apesar de confessar ser o autor do feminicídio, em consulta psiquiátrica na Cadeia de Penápolis, ele alegou ter ouvido vozes que mandavam ele matar a ex-mulher. Fato que o advogado e a representante da Casa Maria não acreditam ser verdade.
ABUSIVO E VIOLENTO
De acordo com a diretora da Casa Maria, Fernanda Luise, a vítima Cristiane havia procurado a Associação em março deste ano, relatando o comportamento abusivo e violento de Ênio. Na ocasião, a diretora afirmou que ela foi orientada a buscar os órgãos públicos e tomou as medidas cabíveis.
Ainda assim, conforme relatos da vítima, as agressões não cessaram, culminando no crime hediondo. As provas apresentadas deixam claro que Ênio mantinha um padrão de violência premeditada e contínua contra Cristiane, “desmentindo alegações da defesa de que ele agiu por conta de uma condição de saúde mental”.
“As filmagens anexadas ao ofício mostram que Ênio tinha plena consciência de suas ações. Trata-se de um perfil violento com ações semelhantes recorrentes, que aterrorizou Cristiane por meses até cometer o crime fatal. Essas provas não deixam dúvidas sobre a responsabilidade direta e consciente do autor”, afirmou o advogado Octávio Bueno.
A diretora da Casa Maria destaca que o foco do caso deve estar no comportamento violento de Ênio e no sofrimento contínuo imposto a Cristiane ao longo de meses. “Não vamos aceitar que a narrativa sobre Ênio Maruyama seja manipulada para amenizar sua responsabilidade. Cristiane foi vítima de um homem violento, plenamente consciente de seus atos. É fundamental que isso fique claro para a sociedade e para a Justiça”, declarou Fernanda.
Para a diretora da Casa Maria, Cristiane não foi apenas vítima de um crime brutal, mas também de uma tentativa de desviar a atenção do verdadeiro problema: a violência contínua e premeditada de seu algoz.
Segundo ela, a Casa Maria seguirá acompanhando o caso, exigindo que o histórico de violência seja levado em consideração no processo e que a justiça seja feita por Cristiane e por todas as mulheres que enfrentam situações semelhantes.
Lembrando que 25 de novembro é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, data criada para exigir políticas em todos os países para a erradicação deste tipo de crime.