Aos 39 anos, o reeducando Adenilson Almeida de Souza tem ressignificado sua vida dentro do CR (Centro de Ressocialização) de Araçatuba: retomou os estudos e finalizou o Ensino Médio. Depois, passou a fazer parte do Clube de Leitura – Programa Lendo a Liberdade, que o despertou para a carreira literária, resultando na publicação de seu primeiro livro “O Propósito de Piegas: Contos”, composto por 13 contos diferentes.
No regime semiaberto, Souza venceu as barreiras psicológicas do cárcere sob o poder transformador dos livros. Já na formatura do Ensino Médio, escreveu duas peças de teatro, vindo depois a participar do Clube da Leitura, quando começou a escrever contos. “A ideia estava lá, sempre esteve. Somente precisava de um empurrão, um despertar. Despertei, aprendi, arrependi, vivi e sobrevivi. Me preocupo com os borrões do meu passado, mas acredito no bem que faz as boas linhas do futuro”, conta.
PRODUÇÃO
Os textos chamaram a atenção da professora Maria Palmira Minholi Dias, da escola vinculadora Escola Estadual José Cândido, que ministra aulas no presídio, além de mediar o Clube de Leitura. Com auxílio dos funcionários do CR, buscou colaboradores conseguindo a revisão do conto principal pela Academia Araçatubense de Letras. Os demais textos foram revistos pela professora Maria Adriana Silva, enquanto a capa era composta pelo publicitário Renato Costa Barbosa. Registrada a obra na Câmara Brasileira do Livro, dois voluntários doaram a produção de 20 exemplares.
ALCANCE
No mês passado, a professora Maria Palmira entregou um exemplar nas mãos do Secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares, e outro à vice-prefeita de Araçatuba, Edna Flor. A ação também marcou a 1ª Jornada Literária realizada na unidade prisional.
PROJETO
O Clube de Leitura é um projeto da Funap (Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel). Nesta modalidade de leitura dirigida, são estruturados três encontros de mediação com os sentenciados leitores. Ao final, eles elaboram um Relatório de Leitura da obra. “É um trabalho muito gratificante e edificador, pois os reeducandos, ao final dos encontros, tornam-se leitores assíduos, possibilitando, inclusive, a remição de pena pela leitura após análise dos relatórios pelo juízo competente”, esclarece o gerente regional da Funap, Marcos Antônio Hidalgo.