Quatro dos 12 presos pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (13), durante a Operação #TUDONOSSO, são funcionários da Prefeitura da Prefeitura de Araçatuba e podem estar diretamente envolvidos em um esquema de corrupção que pode ter causado danos aos cofres municipais em contratos que com valores que superam R$ 15 milhões.
As prisões são decorrentes de uma investigação da Polícia Federal, em Araçatuba, com base em contratos firmados pelo município com a empresa Bolívia Comércio de Materiais de Limpeza LTDA e também com o IVVH (Instituto de Valorização à Vida Humana).
A primeira com contratos firmados em 2013 para limpeza do Paço Municipal e prédios públicos; e em 2017, para higienização das escolas da rede municipal de ensino. O segundo, contratado no início de 2018 para fazer a gestão de serviços na área de Assistência Social.
Após as prisões, a assessoria de imprensa convocou uma entrevista coletiva para as 16h30 desta terça-feira, para falar sobre a operação da Polícia Federal e o que deve acontecer com os funcionários públicos detidos e os contratos que estão em andamento.
ESQUEMA DE LARANJAS
O nome dado à operação da Polícia Federal faz alusão a um termo muito usado pelo empresário e sindicalista José Avelino Pereira, vulgo Chinelo, apontado como o mentor intelectual e chefe da organização criminosa desbaratada nesta terça-feira.
Chinelo foi preso em Itatiba, cidade onde fundou o Sindicato dos Metalurgicos, hoje comandado por seu filho Igor Tiago Pereira, que também foi preso no mesmo Município. Os dois foram levados para a sede da Polícia Federal em Campinas, onde ficarão à disposição da Justiça, inicialmente em cumprimento a prisões temporárias.
Entre os demais envolvidos estão pessoas que figuravam como donas de empresas que, na prática, pertencem a Chinelo e seu grupo familiar. Foram presos envolvidos no esquema que estavam nas cidades de Araçatuba, Itatiba, Jundiaí e Clementina. A polícia ainda tenta localizar outras duas pessoas que estão foragidas. Uma mulher, que atuava como secretária de Chinelo, chegou a ser presa mas foi solta durante a manhã.
As investigações, realizadas por oficiais da PF em Araçatuba, foram comandadas pela delegada Daniela Ferreira Maura Braga. Em entrevista coletiva, ela disse que as apurações continuam a partir das prisões e que mais coisas podem ser descobertas.
“Nós tivemos acesso a poucos contratos. Por questão de sigilo, não podemos pedir mais informações. O que sabemos que os contratos somados nos últimos anos foram de aproximadamente R$ 15 milhões. Contudo, o valor do desvio não consigo afirmar. Alguns contratos apontam para um desvio mensal de R$ 120 mil”, diz a delegada.
O filho de Chinelo, Igor Tiago, e o genro do sindicalista, Emersom Cardoso, figuram como sócios laranjas de empresas que são subcontratadas por prestadores de serviços ao município, como o IVVH.
Mais de 150 policiais federais estiveram nas ruas nesta terça-feira para cumprir 14 mandados de prisão temporária e outros 37 mandados de busca e apreensão. Novas detenções e apreensões não estão descartadas.
Além de pacote de dinheiro, durante o cumprimento dos mandados de busca, policiais federais apreenderam muitas correntes e relógio de ouro, pinos de cocaína e maconha. No sindicato, em Itatiba, foram apreendidos computadores e documentos. Assim como em Clementina e locais que serviam de base para o grupo em Araçatuba.
A PF também esteve na Prefeitura de Araçatuba, onde recolheu aparelhos celulares e também computadores. Todo material será periciado para embasar inquérito policial que terá andamento com as prisões desta terça-feira.