O Serviço de Neonatologia Intensivista da Santa Casa de Araçatuba reuniu nesta quarta-feira ( 13) mães e pais de crianças que nasceram prematuras e foram atendidas em uma das unidades de tratamento intensivo neonatal da instituição. O encontro fez parte dos eventos do Dia Mundial da Prematuridade que será comemorado no domingo (17). A data foi criada para chamar atenção sobre problema que atinge 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo.
No Brasil, mais de 12% dos nascimentos acontecem antes da gestação completar 37 semanas. Isso significa que 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, o equivalente a 931 por dia. A data também é conhecida como o Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade, criada em 2009, sendo seguida no Canadá, EUA, Austrália e Portugal. Hoje em dia já é celebrada em mais de 50 países, com o intuito de se pensar em estratégias para diminuir a taxa de prematuridade.
O encontro realizado na Santa Casa de Araçatuba reuniu 15 crianças que nasceram com pesos que variam de 680 gramas a 1,700 kg e graças ao tratamento intensivo conseguiram sair das margens de risco e hoje são crianças saudáveis e com rotinas sociais completas. É o caso de Miguel, hoje com 10 anos, que nasceu com menos de 800 gramas e precisou passar por vários procedimentos cirúrgicos e continua sendo acompanhado pelo Serviço de Cirurgia Pediátrica da Santa Casa de Araçatuba.
Outro caso comovente dentre os prematuros é o bebê Enrico, que completa um ano nesta quinta-feira. Prematuro extremo, ele permanece internado na UTI Neonatal Pediátrica desde que nasceu. Apesar de estável, o bebê ainda depende de aparelhos para respirar e alimentar. A mãe dele, Rayane Cristina Macedo de Souza Margente, anunciou nesta quarta-feira que o tão esperado serviço de home care foi concedido pela Justiça e nos próximos 20 dias ele poderá ir para casa, após 12 meses de internação. A família reside em Birigui.
SOBREVIDA E QUALIDADE
A sobrevivência de bebês que nascem com menos de 28 semanas e, em muitos casos, pesando em gramas é um dos desafios que pediatras neonatologistas e intensivistas neonatais, equipes de enfermagem e profissionais multidisciplinares enfrentam diariamente no Serviço de Neonatologia Intensivista e Pediátrico da Santa Casa de Araçatuba, que compreende desde as salas de partos às duas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica.
Referência do SUS para 40 cidades da região, o hospital mantem 22 leitos para pacientes neonatais e pediátricos, 10 dos quais exclusivos a bebês com até 30 dias de vida, e 12 leitos de terapia semi-intensiva neonatal. A instituição também é o único serviço avançado e referenciado do SUS na região tanto para gestantes de alto risco quanto para bebês que nascem nesses partos e precisam de internação imediata em leitos intensivos.
A média mensal no hospital é de uma ocupação de 12 leitos intensivos, do total de 22, por bebês prematuros. De acordo com o neonatologista e intensivista pediátrico Anderson Azevedo Dutra, coordenador técnico do serviço, a incidência de prematuridade extrema “é altíssima na região”. O quadro, de acordo com ele, é decorrente “da carência no atendimento primário em pediatria na região e da baixa cobertura de pré-natal”. As consequências desta deficiência, de acordo com o especialista, são visíveis na maioria dos casos de “bebês e crianças de menos de dois anos com doenças respiratórias que necessitam frequentemente de hospitalização”.
A estrutura que a Santa Casa de Araçatuba disponibiliza para atender esses pacientes, que dependem de excelência médica e tecnologia até para aprender a respirar, é avançada e tem conseguido manter taxa de sobrevida comparável aos índices internacionais e dos serviços de referência no país. “Hoje, 90% dos bebês que nascem acima de 28 semanas sobrevivem e estão tendo uma ótima recuperação, sendo que as taxas nacionais giram em torno de 90% acima de 30 semanas”, informa Dutra.