O Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste), emitiu uma nota de repúdio contra uma postagem em rede social do Bradesco. A peça propõe a diminuição do consumo de carne bovina sugerindo que a pecuária é uma das principais emissoras de gases causadores do efeito estufa. A repercussão negativa entre pecuaristas de todo o Brasil, levou diversas entidades representativas do agronegócio nacional a se manifestar.
De acordo com o presidente do Siran, Fábio Brancato, ao divulgar a peça publicitária o banco demonstra incoerência, afinal de contas se diz apoiador do agronegócio e disponibiliza linhas de crédito específicas para a pecuária. "A postagem do Bradesco tem dois problemas graves, pois prejudica o agronegócio brasileiro (ao propor a redução do consumo da proteína animal) a partir de uma inverdade. O fato é que a pecuária brasileira é um case de sucesso mundial, uma vez que aumenta a sua produtividade, sem acrescer a área produtiva, respeitando, portanto, o meio ambiente", afirma Brancato.
Na nota, assinada pela diretoria do sindicato, a abordagem da instituição financeira é classificada como irresponsável, à medida em que demoniza a pecuária nacional frente à sociedade e tende a trazer prejuízos à referida cadeia produtiva. Explica ainda que, ao contrário do que sugere o Bradesco, dados referendados cientificamente comprovam que a pecuária brasileira sequestra carbono de forma significativa, e, em nível de comparação, emite menos gases do efeito estufa do que os núcleos urbanos e uma série de circunstâncias associadas a eles.
CAMPANHA
O presidente do Siran diz que o sindicato está em contato com outras entidades representativas do agronegócio brasileiro para que, juntas, somem esforços no sentido de combater o golpe e a desinformação proporcionada pelo Bradesco. A ideia é promover uma campanha de conscientização da sociedade para mostrar que a pecuária brasileira é sustentável.
"Por meio de conteúdo relevante, como peças publicitárias, redes sociais e entrevistas, vamos trabalhar para desfazer a ideia de que a pecuária brasileira é prejudicial ao meio ambiente. Esperamos que a população entenda que o pecuarista brasileiro é um protetor da natureza, pois depende dela para sobreviver e produzir riquezas para o Brasil", conclui Brancato.
Criado em 1942, o Siran surgiu a partir do pioneirismo dos produtores rurais, responsáveis diretos pelo desenvolvimento de Araçatuba. Inicialmente, o grupo formou a Associação de Invernistas e Criadores da Alta Noroeste, com a finalidade de constituir uma sociedade para a defesa dos interesses da classe, sendo liderado por Carlos Soares de Castro. De lá para cá, o sindicato vem desenvolvendo um trabalho de união entre os produtores rurais, somando esforços para defender a classe produtiva.
Atualmente, o SIRAN representa produtores de Araçatuba, Santo Antônio do Aracanguá, Guararapes, Nova Luzitânia, Gabriel Monteiro, Gastão Vidigal e Rubiácea. A entidade é uma referência na prestação de serviços para a classe produtiva rural, quer seja na área de assessoria e orientação, bem como de representatividade na luta dos interesses de seus associados.
O QUE DIZ O BANCO
O Bradesco informou na última sexta-feira (24), que mandou tirar do ar o vídeo da campanha em favor do “carbono neutro” que irritou pecuaristas. Nas imagens, três influenciadoras digitais pregam a redução do consumo de carne.
Depois da repercussão negativa, a instituição financeira comunicou que “está tomando medidas severas” sobre o caso. Em carta aberta ao agronegócio, o banco salientou que acredita no potencial do agro.
“Tal opção é baseada em sua crença indelével nesse segmento enquanto vetor de desenvolvimento social e econômico do país”, ressaltou o Bradesco, ao mencionar que investe no agronegócio desde sua fundação.
Segundo o banco, a instituição “lamenta profundamente o ocorrido”. “Promovemos direta e indiretamente a pecuária brasileira e por conseguinte o consumo de carne bovina”, ressaltou o Bradesco, em nota enviada para os órgãos de imprensa.
O VÍDEO
As imagens que provocaram a reação negativa mostram três influenciadoras digitais que defendem a redução do consumo de carne. O trio dá dicas de como fazer isso, entre elas, aderir à “Segunda-feira sem Carne”.
“Que tal escolher um prato vegetariano?”, sugere uma das mulheres que aparecem na peça. “A criação de gado contribui para a emissão de gases de efeito estufa”, afirmou outra participante, no vídeo.