Preso na manhã desta quinta-feira (01), acusado se ser o responsável pelo incêndio que destruiu, no dia 13 de junho, parte da concessionária Hyundai Caoa de Araçatuba e mais 13 carros que estavam no interior da loja, o funcionário da empresa, Luiz Fernando Sanches Casati, de 32 anos, se vestiu de mendigo para conseguir se deslocar da casa onde mora, no bairro Nova Iorque, até o local do crime.
Em entrevista à imprensa nesta quinta-feira, o delegado Paulo Natal, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), classificou o funcionário como uma pessoa fria, inteligente e meticulosa. Por vingança, decorrente de repreensões que recebeu por problemas no exercício de sua função na empresa, Casati decidiu atear fogo na loja, causando um prejuízo da ordem de R$ 2,5 milhões.
De acordo com o delegado que conduziu as investigações, Um conjunto de imagens captadas por câmeras no interior da concessionária, na parte externa da empresa e nas proximidades da casa do funcionário mostram como ele agiu no dia do crime.
Paulo Natal afirma que não houve nenhum tipo de arrombamento para o acusado do crime ter acesso ao interior da concessionária. Por ser funcionário, ele tinha conhecimento de um problema em uma porta e, removendo uma guarnição de alumínio e empurrando a mesma para frente e para cima, fez com que ela se abrisse, facilitando sua entrada.
Imagens do sistema de monitoramento da concessionária mostram Casati, já no interior da empresa, jogando gasolina sobre mesas e no interior de carros que estavam no interior da lojo. Na sequência, ele usa uma espécie de tocha improvisada para espalhar fogo pelo estabelecimento.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, Casati comprou o combustível usado no dia interior ao crime. O delegado diz que ele teve o cuidado de desligar o rastreador GPS do celular para dificultar a identificação dos locais onde esteve durante a execução de seu plano incendiário de destruir a concessionária onde trabalhava. “Encontramos o posto onde comprou o cartão de crédito pelos dados do cartão de crédito dele”, diz o delegado.
Paulo Natal, durante entrevista coletiva, deu muitas informações sobre os procedimentos usados pela polícia para confirmar a autoria do incêndio por Casati. O delegado diz que detalhes comportamentais do funcionário da concessionária colaboraram para o esclarecimento do caso.
Um desses detalhes diz respeito a bilhetes que foram encontrados no interior da loja no dia do incêndio, em áreas não atingidas pelo fogo. A polícia descobriu que o supervisor foi até uma lan house em Birigui, onde usou computador e impressora para preparar os 10 impressos com ameaças direcionadas ao gerente da concessionária e também a um outro funcionário.
Durante o rescaldo após o Corpo de Bombeiros apagar o incêndio, já presente na concessionária, como se desconhecesse o que havia ocorrido, Casati encontrou um dos bilhetes que preparou, passou rapidamente os olhos e entregou o papel a uma outra pessoa, dizendo: “olha isso aqui”.
No bilhete, consta dizeres como: “Eu tentei te avisar que de seus atos provém consequências e nem sempre elas são boas. Vide o que está ocorrendo”, escreve o autor do crime, dando a entender que se tratava de um cliente descontente com serviços da concessionária.
Conforme o delegado Paulo Natal, em vistorias feitas nas redes sociais de Casati, a Polícia Civil conseguiu identificar termos usados pelo funcionário que continham nos bilhetes achados na concessionária. Entre eles, a palavra “mequetrefe”, usada para atacar o gerente da empresa.
Ainda durante o rescaldo do incêndio, Casati teria dito a um funcionário, segundo a polícia, a seguinte frase: “É, nem a pessoa que colocou fogo na concessionária sabia que chegaria a essa proporção”, revela o delegado.
Paulo Natal diz que, dias antes do crime, Casati teria confessado a um colega de trabalho que pensava em cometer o crime. No dia 16 de julho, o supervisor chegou a ser preso como suspeito. No entanto, foi solto em audiência de custódia.
Na casa onde mora, com outras duas pessoas, foram encontradas peças de veículos da marca Hyundai e também munições de arma de fogo. Com a segunda prisão, agora preventiva – sem tempo para se esgotar – Casati vai responder pela autoria do incêndio e pode ser condenado a pena que pode variar de 4 a 8 anos de reclusão. Por ameaças ao gerente e outro funcionário, uma eventual condenação pode ampliar a pena em mais um ano.